Miguel Oliveira marca um antes e um depois no motociclismo português. Os seus dois triunfos no MotoGP são uma espécie de vitória no Euro"2016, depois de finais perdidas e meias-finais choradas
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Tal como no futebol se tinham feito coisas bonitas antes daquele 10 de julho no Stade de France, em Paris, também nas motos tinha havido comemorações e heróis antes da erupção do piloto almadense que, por agora, é o indiscutível topo da pirâmide da modalidade no nosso país.
Até aqui, fora o todo o terreno a dar alegrias ao motociclismo nacional com títulos mundiais de menor impacto. Alex Vieira foi desconhecida exceção na pista
E logo numa especialidade -a velocidade - que nem era a de maior tradição. Na pista, antes de Miguel Oliveira, Portugal tinha "festejado" a estreia na classe-rainha, de Felisberto Teixeira, em 1998, no GP de Jerez, e o pioneirismo de Miguel Praia, com os primeiros pontos conquistados por um piloto português nos Mundiais de Superbikes e Supersport, a meio da primeira década deste século. O sucesso de Alex Vieira (ver caixa), radicado em França, passava ao lado das massas e João Fernandes é pouco mais do que uma exótica nota de rodapé num desporto que se habituara a celebrar os feitos dos heróis que desafiavam as dunas e o deserto.
O motociclimo português já teve três títulos mundiais no TT: Hélder Rodrigues em 2011, Paulo Gonçalves em 2013 e Ricardo Leal dos Santos, em quad, em 2005
Foi a partir de meados dos anos 1990 que os pilotos portugueses partiram à conquista do Dakar, primeiro em África, cenário original, e depois nos diversos países por onde a prova se foi realizando. Paulo Marques traçou a rota das vitórias e classificações finais honrosas, mas foi a geração seguinte, onde pontificavam Rúben Faria e, sobretudo, Hélder Rodrigues e Paulo Gonçalves, a assumirem-se como expoentes máximos do motociclismo "offroad", fora de estrada e também da fama agora saboreada por Miguel Oliveira.
Tanto Hélder Rodrigues como o malogrado "Speedy" Gonçalves foram campeões mundiais numa especialidade, o TT, onde isso vale menos que uma etapa no Dakar. Também Ricardo Leal dos Santos conquistou a Taça do Mundo de quads (moto4), algo melhor do que Rui Gonçalves, vice mundial e com vários triunfos em grandes prémios na segunda divisão do motocrosse, especialidade em que Joaquim Rodrigues fez história, com um pódio no supercompetitivo supercrosse nos "states", entre outros resultados. Histórico e ao mesmo tempo pré-histórico. Culpa do Euro"2016 que foram as duas vitórias de Miguel Oliveira no MotoGP.