Saiba mais sobre o percurso de Miguel Oliveira: os ingredientes de um campeão
Miguel Oliveira chegou ao MotoGP e às vitórias na classe-rainha a pulso e à base de sacrifícios como ir para Espanha bem cedo.
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Quando chegou a Portimão para o Grande Prémio de Portugal, a 14.ª e última prova do Mundial de MotoGP, Miguel Oliveira era um dos favoritos ao triunfo, mas no que poucos apostariam era que o conseguisse de forma tão categórica, liderando em todas as voltas e chegando a ter mais de quatro segundos de vantagem para Franco Morbidelli e Jack Miller, cortando a meta com mais de três sobre segundo e terceiro.
Além de fechar a época em beleza, com a segunda vitória da carreira na classe-rainha, o piloto de Almada deixa um aviso à navegação para 2021, que já prepara. Ontem, rumou à Áustria para começar a trabalhar na nova temporada, em que passa a líder da equipa principal, "uma evolução natural", pois "já tinha uma ligação muito forte com a fábrica" no entender de Vítor Martins, comentador de MotoGP para a Sport TV, que anteontem ficou conhecido por cumprir a promessa de rapar o cabelo em caso de triunfo do português da KTM Tech3.
A O JOGO, o especialista caracteriza o "Falcão" como "muito focado, trabalhador, talentoso e já com uma vasta experiência", reunindo "todos os ingredientes que um campeão precisa para ganhar títulos". "Vai ser claramente candidato ao título, independentemente se Marc Márquez regressa ou não. Nem sabemos quando vai voltar, em Espanha fala-se que ele pode não estar no início de temporada e estando um ano sem andar de mota é uma incógnita", defende.
Para Vítor Martins, "ninguém esperava um domínio tão avassalador" do piloto português, mas garante que o mesmo não se deu por causa do título já estar entregue a Joan Mir. "Se estivesse tudo em aberto podia haver uma pressão acrescida, mas os pilotos estão sempre moralizados para fazer um bom resultado em casa. Não houve público, mas não deixa de ser um Grande Prémio em casa, num circuito que ele conhece bem e no seu país", considera.
Com dois anos de MotoGP, Oliveira tem para trás uma caminhada de superação até chegar à categoria-rainha, até porque nunca descurou os estudos, fugindo ao padrão dos desportistas que chegam ao patamar mais alto. "Não segue o mesmo padrão, de todo. Basta comparar com os espanhóis, que começam logo [a competir]. Por isso é que o Miguel foi muito cedo foi para Espanha. Aqui não havia hipótese, não tinha como evoluir para chegar ao nível em que está. Foi um início de muito sacrifício, até familiar, e o pai foi muito persistente. Nas classes de iniciação deu nas vistas e, quando passou ao Campeonato Espanhol de Velocidade na categoria 125cc, onde estavam alguns dos pilotos que estão hoje a seu lado em MotoGP, perdeu para o Maverick Viñales por dois pontos", recorda Vítor Martins, contando que "toda a gente em Espanha, onde a competição tem grandes tradições, percebeu que o Miguel era rápido e podia ser um dos melhores do mundo".
Depois de dar o salto para os campeonatos mundiais, Oliveira esteve cinco anos em Moto3/125cc e três em Moto2, com alguns anos difíceis pelo meio, como foi o caso do de 2016 (tinha uma Kalex, ao serviço da Leopard Racing), pelo que o regresso à KTM se revelou fundamental. "A KTM tem um grande foco na competição. Aliás, todos os objetivos que eles se propuseram cumprir nos primeiros cinco anos estão praticamente cumpridos em quatro. Com o regresso, a KTM ficou com um bom piloto e o Miguel com uma boa marca", conclui.