Cumprindo-se o plano, a SAD vai poder abater dívida, pagar a fornecedores... e contratar.
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O Sporting tem um plano para melhorar a sua saúde financeira no verão e feitas as contas, numa primeira estimativa, o saldo positivo pode aproximar-se dos 100 milhões de euros.
Há obviamente diversas variáveis que podem alterar a previsão feita nesta altura, a um par de meses do defeso, desde o que possa suceder com os negócios de venda dos passes de Palhinha e Matheus Nunes, a uma hipotética perda do segundo lugar e com isso da entrada direta na Liga dos Campeões, ou até mesmo os prazos em que se venha a concretizar o pagamento partilhado do Lille e de Rafael Leão da dívida aos leões que, com juros, já vai nos 20 milhões. São várias as fontes de encaixe para este defeso, mas também as previsões de despesa.
No entanto, com o saldo positivo assinalado nestas páginas, o leão pode encarar uma investida no mercado de transferências para reforço do plantel com alguma vitalidade e, ainda, fazer frente a obrigações financeiras em falta.
Em termos de passes de jogadores, o Sporting conta com as vendas dos emprestados Nuno Mendes (40 M€/PSG) e Sporar (8,5 M€/Middlesbrough), e de Palhinha (à volta de 30 M€) e Matheus Nunes (à volta de 40 M€), mais os antes mencionados 20 milhões do conflito nos tribunais contra Rafael Leão e o Lille. Nova ida à Liga dos Campeões é outro ponto decisivo para a estabilidade financeira dos leões, que já encaixaram, no primeiro semestre de 2021/22, 36,2 M€ com a participação na prova, sendo que 9,6 M€ da qualificação para os oitavos de final só entram no próximo semestre, tal como um valor a determinar de direitos televisivos (market pool). A estas verbas, o leão espera juntar-lhes o da entrada na fase de grupos em 2022/23 (o Sporting ocupa o segundo lugar na Liga que dá acesso direto, com mais seis pontos que o Benfica). Tudo isto somado dá uma previsão de 168,1 M€, como se pode verificar em detalhe no quadro abaixo.
Uma parte poderá ser reinvestida no reforço do plantel para 2022/23, pois, afinal de contas, o sucesso desportivo é prioridade e potencia a melhoria financeira. E como O JOGO deu conta na edição de sexta-feira, o Sporting pretende retocar quase todos os sectores no próximo defeso.
Mas se o encaixe é altíssimo, nem tudo são rosas, pois há despesas imediatas. A SAD tem a pagar o resto do passe de Rúben Vinagre (10 M€), mais uma parte do de Ugarte (10% por 2 M€ por ter cumprido 30 jogos), mais o de Pedro Porro (8,5 M€); terá de desviar 7 M€ da Liga dos Campeões para reembolso de dívida bancária e reforço da conta reserva e, para os mesmos efeitos, 30% do excesso de vendas de passes (até 2019 era 50%, e em 2021/22 foi considerado excesso o valor acima de 9,3 M€, que, mantendo-se, e pela perspetiva de vendas antes descrita, daria à volta de 30 M€); e negoceia com o Novo Banco a recompra dos 51 milhões de VMOC da instituição (se não baixar o preço de 30 cêntimos por Valor, significará custo de 15,4 M€). No total são 72,9 M€ de gastos expectáveis, o que mesmo assim deixa um balanço positivo de 95,2 M€.
Ao ser reeleito, com 85,8% dos votos, o presidente Frederico Varandas congratulou-se pelo rumo encetado: "A melhor medida de gestão foi garantir a maioria do capital da SAD. Os sócios deram um passo de grande maturidade e escolheram a estabilidade. Prometi que iria deixar o Sporting melhor do que quando cheguei. Essa missão está cumprida."
Em dezembro de 2021, altura do último relatório e contas da SAD, a dívida financeira era de 132 M€ e havia 67 M€ de saldo com clubes, agentes e fornecedores. As dívidas têm prazos diferentes para serem saldadas, mas um bom mercado de transferências deixará a SAD em boa posição para melhorar a sua saúde financeira, sem descurar o reforço do plantel.