Mauro Antunes é capitão de um plantel que sonha levar o clube do Restelo de volta às ligas profissionais
Corpo do artigo
Foi por amor que Mauro Antunes decidiu regressar ao Belenenses na temporada 2020/21, quando o clube ainda estava na distrital. Depois de experiência no futebol profissional ao serviço do Atlético e do Mafra, o médio quis fazer parte da história do clube no qual tinha terminado a formação, fase da carreira durante a qual também passou pelo Sporting e foi colega dos campeões europeus Cédric, William Carvalho e João Mário - pelos leões sagrou-se campeão nacional de juniores C, em 2006/07.
O médio, de 31 anos, estreou-se a marcar na última jornada, no triunfo caseiro sobre o Amora (3-0). Nesta temporada, o criativo foi utilizado pelo treinador Bruno Dias em 21 jogos, oito como titular.
O jogador de 31 anos diz a O JOGO que não está arrependido da decisão tomada e é agora capitão do histórico clube do Restelo, que começou com duas vitórias a fase de subida à Liga SABSEG, frente ao Amora e ao Länk.
Por que razão voltou ao Belenenses, em 2020/21, com o clube ainda na distrital?
-Queria voltar a ser parte deste grande clube e fazer história aqui. Acompanhei todo o trajeto, estive na primeira subida de divisão, a apoiar na bancada. Voltou o sentimento de querer representar de novo o Belenenses. Tinha estado nos campeonatos profissionais recentemente, no Mafra, e quando surgiu a oportunidade abdiquei de estar a um nível mais profissional. Mas sabia que podia lá voltar e fazer parte desta história. Felizmente, foi uma boa decisão.
Mauro Antunes estreou-se a marcar esta temporada na jornada passada, na vitória contrao Amora
Encontrou um clube muito diferente daquele que representou na formação?
-Encontrei um clube mais unido. Direção e massa adepta são bastante unidos e têm o mesmo objetivo de levar o clube novamente para os patamares onde tem de estar. Os adeptos têm contribuído para que isso aconteça, as assistências comprovam-no. Lembro-me de ver jogos do clube na I Liga e não tinham tanta gente.
Qual a sensação de ser capitão do Belenenses?
-Um orgulho, muitos nomes do futebol nacional envergaram esta braçadeira. É mais uma responsabilidade que tenho e quero cumpri-la da melhor maneira. Penso que tenho sido um capitão como o clube merece.
"Queria voltar a ser parte deste grande clube e fazer história aqui. Não me arrependo da decisão"
Estamos numa fase decisiva da época, em que a equipa começou a fase de subida com duas vitórias. Qual o segredo para este arranque?
-O segredo é o mesmo da fase regular: é a coesão e espírito de união que temos dentro do plantel. Aliado a isso, temos uma boa preparação para todos os jogos por parte da equipa técnica e também todas as condições que nos são dadas pela estrutura do futebol, o que também nos ajuda a ter bons resultados.
O Belenenses começou esta fase com dois jogos em casa, agora seguem-se três encontros fora ...
-Temos essa noção que se adivinham três jogos muito complicados fora de casa [Sanjoanense, Länk Vilaverdense e Amora], mas queremos voltar ao Restelo com a possibilidade de subir de divisão. Vamos encarar um jogo de cada vez, sabendo da dificuldade que cada um nos coloca pelo facto de sermos visitantes. A margem de erro nesta fase é reduzida e temos de assumir cada jogo como uma final.
"A união e coesão têm feito a diferença para termos bons resultados, aliadas à qualidade que tem o plantel"
A época teve alguns momentos complicados. Como ultrapassou o plantel essas fases menos boas?
-Tivemos momentos bons e outros menos bons. Começámos muito bem a época e estivemos sempre nos quatro primeiros. Já numa fase mais adiantada houve uma série de jogos sem vencer, o que nos complicou as contas, mas depois fizemos uma série de quatro vitórias seguidas que nos catapultou para a fase de subida. Isso deve-se à união e coesão que temos dentro do grupo. É isso que tem feito a diferença, além da muita qualidade individual que existe no plantel.
Na última jornada, frente ao Amora, marcou pela primeira vez esta época. Era um objetivo que procurava?
-Procurava este momento e gostava de ajudar a equipa com mais golos, mas não tenho tido os minutos que desejava. Sempre que sou chamado tento fazer o melhor e, felizmente, consegui ajudar com um golo no jogo contra o Amora.
Como tem sido trabalhar com o treinador Bruno Dias?
-Ele está a provar que é um excelente treinador. Mesmo quando as coisas não corriam bem uniu as tropas para dar a volta à situação. É uma pessoa de trato fácil, bastante profissional e obriga-nos a ser mais profissionais.
16163422
Concilia os pontapés na bola com emprego na área da banca
Mauro Antunes concilia o futebol com um trabalho na área da banca, desde que regressou ao Restelo na temporada 2020/21. "Quando assinei pelo Belenenses, ainda na distrital, vi que não era possível viver apenas do futebol. Por isso, fiz uma formação, comecei a trabalhar, e até agora tenho conseguido manter as duas profissões. No futuro logo se verá", conta o médio da equipa do Restelo, referindo que nem sempre é fácil esta conciliação:
"A nível físico é bastante cansativo, emocionalmente também. Se as coisas no futebol não estiverem a correr bem, é difícil não o transportar para o trabalho. É preciso fazer um esforço para desligar. Mas o tempo acaba por nos ensinar: quando as coisas não estão a correr bem no futebol, é uma maneira de esquecer e não estar a pensar tanto tempo nisso."
16163227