A Seleção com a Alemanha, o FC Porto com o Liverpool, o Benfica com o Bayern: quantas goleadas, eliminações e Champions serão precisas para se reparar nos alemães?
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Esqueçamos o Roger e concentremo-nos no Schmidt. O Benfica quer espreitar a nova escola alemã, depois de esgotado o modelo Jorge Jesus, e isso não devia ter nada de estranho.
Que os alemães estão na vanguarda só não é uma evidência porque o debate do futebol em Portugal está embrulhado em ideologias, equívocos e numa espécie de campeonato paralelo de opiniões (em que eu próprio me deixei enredar).
O interesse do Benfica é sinal de inteligência; se o treinador Roger é o Schmidt adequado, isso não podemos saber. Há treinadores portugueses capazes, claro, mas a consanguinidade tende a acabar mal, sobretudo quando se tornou um dogma a categoria inultrapassável do técnico nacional.
A classe precisa de um campeonato bem ganho ou bem disputado por um estrangeiro que traga ideias certificadas e que agite o debate. A Seleção levou da Alemanha, no Europeu; o FC Porto voltou a ser atropelado pelo Liverpool de Klopp, e o Benfica desceu os infernos com o Bayern. Sempre com goleadas, sempre com alemães da mesma linha, sempre com a mesma ideia base.
Mais do que um impulso natural, querer estudar o bicho de perto é um gesto comum de legítima defesa que se perdeu em Portugal após meia dúzia de tiros ao lado.
A incursão pela escola espanhola (Camacho, Vítor Fernandez, Quique Flores, Lopetegui) foi uma sucessão de desastres de graus diferentes e a holandesa (Koeman, Adriaanse, Keizer) não colou, mas continuamos a não estar sozinhos no mundo e, sobretudo, continuamos a perder regularmente com alemães, a ser eliminados por eles e a vê-los ganhar coisas importantes na Europa (os últimos três vencedores da Liga dos Campeões foram Liverpool, Bayern e o Chelsea de Tuchel).
Experimentar um Schmidt, para variar, talvez não seja demasiado.