O campeonato perdido, um treinador descartado publicamente, a Liga dos Campeões na quarta-feira: má altura para os jogadores do Benfica levarem com um Boavista teimoso
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O Boavista-Benfica fez pensar em Toni Martínez. Um jogador de marca branca, sem o pedigree da seleção brasileira, nem uma etiqueta dourada com o preço, nem profecias de uma Bola de Ouro num futuro iminente, nem origem na formação da casa (para ter a efémera proteção dos adeptos), nem sequer muitos minutos de jogo esta época, deixa-nos a pensar na importância do caráter quando se escolhe um reforço.
O Boavista de Petit é uma presa difícil e venenosa, bem montada à volta de um panzer que deve ser um pesadelo enfrentar (Makouta), um talento esquecido (Sauer) e talvez o melhor ponta de lança fora dos três grandes (Musa).
A forma como entrou na segunda parte, a perder 2-0, foi um exercício chocante de força de vontade, mas notou-se mais ainda por não se ver nenhuma no adversário. Arriscando ser injusto, não esconderei aquilo que me veio imediatamente à cabeça: o campeonato está perdido, já foi confirmado (proclamado? berrado?) que o treinador não conta e na quarta-feira há Liga dos Campeões. Levanta-se a mais velha questão do mundo do futebol: pôr ou não o pé.
Terão coincidido essas três circunstâncias fatais, a grande inconveniência de uma batalha neste dia, o azar deste Boavista estar desenhado para batalhar, e dois golos falsamente tranquilizadores antes do intervalo. Faltaram alguns Toni Martínez ao lado de Veríssimo, no banco. Se calhar, faltaram vários Toni Martínez nos últimos planteis do Benfica, transversais a três treinadores e vivendo a média de uma crise por ano, as duas últimas ainda por resolver. Mas na quarta há Liga dos Campeões.