Abdicar de fazer o máximo porque o adversário é imbatível agride a equipa, mas Jesus estava numa posição excecional em que até o apuramento é melhor defendido assim. Faltou foi qualquer coisa<br/>
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A conjuntura excecional justifica a abordagem de Jesus, com ares de negligência, ao Bayern-Benfica. Em qualquer outra circunstância, abdicar de fazer o máximo com a desculpa da dimensão do adversário seria uma punhalada na equipa, uma resignação que tem ajudado a encolher alguns clubes portugueses na Europa, Benfica acima de todos.
Neste caso, somavam-se atenuantes: a quebra real do grupo e dos seus motores individuais, o perigo de cair numa espiral de desgaste que poderia rapidamente custar a época; o imperativo de puxar pelas segundas linhas, que têm falhado tanto como as primeiras; e, enfim, a hipótese bem concreta de resolver o apuramento com o Barcelona e o Dínamo nas jornadas finais.
Tão concreta que Jesus esteve longe de ser o único a apostar num empate dos catalães em Kiev (marcou Fati, aos 70"). Não aconteceu, mas é remediável, e talvez não fosse se a equipa lá chegasse rebentada, de corpo e espírito. Um senão ou dois: o Benfica defendeu bastante pior do que em Lisboa e alguns reforços (Everton e Meité) começam a ser problemas.
Na Liga dos Campeões, a atmosfera é tão rarefeita que um jogador pode ser, e frequentemente é, a razão de uma vitória ou de uma derrota.
No Dragão, o Milan não dispôs, entre outros, de Kessié; em San Siro, Conceição não deverá ter Uribe. São jogadores diferentes, em posições semelhantes, mas o que faltou aos milaneses há quinze dias foi precisamente o que o marfinense costuma trazer: intensidade e duelos ganhos. Para regressar vivo de Itália, o FC Porto precisa de uma tarde épica. Como o seu adversário no primeiro jogo, terá de a conseguir sem o maior guerreiro de meio-campo.