Portugal e Sérvia perderam dois pontos cada com as outras três seleções do grupo A. Não foi uma fase de apuramento: foi uma perda de tempo gigante e um simulacro de competição
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"Tanto fazia empatar 0-0 como ganhar 5-0." A autópsia sanguinária de Fernando Santos ao Rep. Irlanda-Portugal ainda assanha mais a irritação que este calendário internacional devia provocar a toda a gente.
No total, as seleções portuguesa e sérvia perderam dois pontos cada uma com os restantes três adversários do poderoso grupo A da fase de qualificação europeia para o Mundial"2022. E todos os pontos no mesmo sítio, em Dublin.
O restante foi um simulacro de competição que custou cinco ou seis semanas na agenda do futebol. É que nem uma terceira equipa com a mínima hipótese estatística de correr pelo segundo lugar havia, e isto não se chama boa gestão, sobretudo estando a FIFA tão angustiada com a saúde dos futebolistas (que o Mundial bienal vai tornar de ferro).
A solução já existe: usar o modelo Liga das Nações, repartir as equipas por divisões e cortar metade das datas. Se Fernando Santos tiver razão (diz que tem plena confiança para o jogo com a Sérvia), melhor ainda, porque um grande desempenho no domingo prova que, com as Irlandas e Luxemburgos, os jogadores são caricaturas deles próprios, patos fora da água da alta competição, a matar tempo enquanto não vem o futebol a sério.
Nem pelo treino valeu. Era uma boa oportunidade para ensaiar uns truques contra um adversário físico, mas acabou por ser só uma espécie de "bullying" dos irlandeses sem troco da parte portuguesa. Pressão pouco convicta sobre centrais que imploravam por uma alminha que lhes roubasse a bola, fraca reação à perda, carta-branca à circulação dos médios locais, etc. Valeu pela criança que levou a camisola de Ronaldo, e barata. Só custou Pepe para domingo.