Prepara-se o culminar do desastre no ranking da UEFA, também porque na Champions e na Liga Europa não se joga com a língua, nem se gasta o tempo a rebaixar adversários
Corpo do artigo
Tanto no Sporting-City como no FC Porto-Lázio, os jogadores sentiram a falta das higiénicas paragens do clássico, a cada dois minutos. No primeiro caso, literalmente para recuperarem o fôlego (mas era o City); no segundo, porque os jogadores de Conceição levaram um bom quarto de hora até se lembrarem de que o futebol costumava ser jogado assim, com os pés e em locomoção.
Passe a ironia, é evidente que quanto mais tempo se passar a fantasiar lesões, a inventar expedientes e a refilar, menos preparadas as equipas estarão para jogar com quem aborda a coisa um bocadinho mais a sério.
O clássico é dos poucos jogos da Liga que podem ensaiar convenientemente a exigência de um embate europeu, mas não foi o caso, porque, para espanto do público português, na UEFA as pernas contam mais do que as amígdalas.
Depois de uma semana em que várias dezenas de personagens gritaram indignações, nas televisões e nos jornais, por causa da triste imagem europeia (enquanto exerciam o direito de piorarem o ressentimento com graves agressões verbais que o outro terá de perdoar), convirá lembrar que, para ter imagem europeia, é preciso lá estar. Os quartos de final da Liga dos Campeões não eram exigíveis ao Sporting, talvez não sejam exigíveis ao Benfica e o Braga foi apanhado em transição de plantel. Prepara-se um desastre no ranking da UEFA, que estará consumado em holocausto se o Benfica não fizer o milagre de se transfigurar para eliminar os Países Baixos (Ajax).
Só em Portugal é que o futebol se ganha com a língua e à revelia dos resultados. Nas competições a sério, gastar mais energias a rebaixar o adversário do que a jogar à bola não rende.