A fragilidade de Abel era um risco para a época, daí até a rapidez da decisão do treinador. Mas não há fartura de opções.
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Pedir o título de campeão a um treinador do Braga, ou mesmo só que estique a equipa para quatro competições, seria sempre demasiado, pelo menos neste longínquo ano de 2019. Abel Ferreira sofreu essa injustiça saudável, que ele próprio ajudou a alimentar durante mais de uma época, e pagou-a com uma meia rutura institucional em abril, quando falhou o terceiro lugar no campeonato. Abel esteve, de facto, com um pé fora do Braga, e essas feridas nem sempre se curam sozinhas ou à força de reaproximações. A saída para o PAOK acaba por ser um daqueles milagres de oportunidade que, de vez em quando, acontecem a António Salvador, mesmo sem a intervenção mágica de Jorge Mendes. Resolver uma situação de desconforto, que provavelmente acabaria mal para a equipa, e sair dela com um bónus de 2,5 milhões de euros no bolso é quase sobrenatural - e só ponho o quase porque o Braga passa a precisar de um treinador. Também aí há que fazer uma vénia ao presidente, porque acerta muitas vezes, mas este não é exatamente um momento de fartura de opções, pelo menos na linha que ele tem seguido.
A época 2018/19 não deu pistas seguras sobre ninguém, dentro do que são pistas seguras no futebol, e as apostas mais sexy estão todas bem empregadas. Será preciso atirar no escuro ou confiar nas informações que o clube sempre soube recolher. A boa notícia, para os bracarenses, é que Abel deixou uma equipa montada e com mais um ano bem duro de experiência conjunta.