Mais do que o custo das transferências, são os encargos os verdadeiros limites da liga portuguesa
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O problema não está tanto no custo das transferências; está nos salários. O problema não está no investimento; está na manutenção. É um problema real, que distancia qualquer clube da liga portuguesa de todos os clubes de Inglaterra, de vários clubes na Alemanha, de cinco ou seis em Espanha, de sete ou oito em Itália e de quatro ou cinco em França. Ainda por cima é o item mais fácil de vigiar pelo mecanismo do fair play financeiro da UEFA, com a agravante de estar sempre a importar inflação lá de fora.
Já vão uns anos desde que ex-administrador de um grande clube me falava do sarilho que era a folha de ordenados, os custos fixos que é preciso alimentar na data certa. As transferências são uma espécie de balança de transações, para um clube vendedor. Entre o que se gasta na compra e o que acaba por ganhar na venda, a matemática equilibra-se. Não há forma de se equilibrar são os salários no limite, para segurar jogadores ou para convencer reforços. O trabalho de um grande clube português, por estes dias, é afastar um milhão de moscas de uma piscina a transbordar de mel.
A seleção portuguesa acabou de somar a Liga das Nações ao Europeu, o destino de João Félix é coisa para tocar o coração emplumado de António Costa e Mário Centeno e o futebol é um doce negócio, daqueles que enternecem os neoliberais das escolas de economia (e da União Europeia). O futebol podia ter um plano global de defesa para as agressões externas, se calhar até em troca de tento na língua. Por que raio não tem?