Amorim já não pode vestir a pele do David que treina uma equipa low-cost contra margens impossíveis. O ataque titular dele custou quase três vezes mais do que o do FC Porto.
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Se pensarmos que Pablo Sarabia custou 18 M€ ao PSG e que Porro custará 9 M€ ao Sporting, Frederico Varandas e Rúben Amorim somaram à equipa, em dois anos (treinador incluído), 103 M€ de mais-valia futebolística faturada.
O FC Porto gastou 66 M€ no mesmo período. O trio de ataque de Sérgio Conceição, anteontem em Alvalade, custou 14 M€, contra os 38 M€ do setor homólogo.
O Sporting já está muito longe de ser a equipa low-cost que ainda transparece nalguns comentários. Se formos pelos valores oficiais, nos quatro anos de Varandas, o Sporting consumiu mais dinheiro em reforços (130 M€, sem contar a cláusula de Amorim) do que nos quatro anos de Bruno de Carvalho (106 M€). Não corre por fora: está no centro da pista, ombro a ombro com FC Porto e Benfica, e é natural que tenha de começar a responder às mesmas expectativas dos outros, até na Liga dos Campeões, porque, com sete jogos completos, nunca mais poderá invocar a virgindade da primeira jornada, com o Ajax (apesar de Rúben ter conseguido fazê-lo ainda com o Manchester City, graças ao truque da equipa da primária contra a equipa da universidade).
Foram os sinais dessa pressão que transpareceram em Amorim, anteontem, como transparecem em qualquer treinador que comece a ter coisas a perder (a imagem, sobretudo) e responsabilidades a justificar. Contranatura era o que vinha sucedendo, entre a bonomia do treinador nas derrotas, a boa imprensa e a paciência agradecida do adepto (essa continuará). Nenhum dos três - Amorim, imprensa e adepto - é santo. Com frequência, bem pelo contrário.