Em Portugal, as claques só foram disciplinadas quando dispararam para dentro de casa. O Sporting vai no caminho certo, mas a verdadeira revolução não está nas regras.
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O tão complexo tema das claques de futebol é, na verdade, muito simples: as equipas precisam de adeptos seus nas bancadas.
Garanti-lo sem as claques, sobretudo fora de casa, seria problemático para muitos clubes. Que isso obrigue a algum tipo de subsídio é evidente. Que esse subsídio seja bem regulamentado também devia ser.
O protocolo que o Sporting assinou ontem com as suas claques vale, por isso, muito mais do que os ataques verbais com sugestões sobre o tema, embora, umas horas antes da apresentação, sportinguistas e benfiquistas (obviamente das claques) estivessem nas ruas de Lisboa à pancada. Ou seja, aquelas regras vão ser muito postas à prova e, com elas, a força das convicções do Sporting, mas o caminho está indicado e os rivais não têm nenhuma razão séria para o ignorarem. Um dia destes, outro Marega será, por exemplo, vítima de racismo e tornar-se-á complicado para o seu clube condenar o ato alheio sem poder dizer que faz tudo para os evitar dentro de casa.
Por outro lado, se as regras não forem aplicadas e, a partir de agora, as violações forem sendo rebatidas com semântica, ou culpando os adversários e recusando sistematicamente responsabilidade, então estaremos pior do que anteontem. A verdade é que as claques só foram disciplinadas quando passaram (muito) das marcas contra o seu treinador (Co Adriaanse, FC Porto), contra os seus jogadores (Alcochete, Sporting) ou contra o seu presidente (Frederico Varandas, Sporting). E as equipas continuarão a precisar de adeptos seus nas bancadas quando jogarem fora.