O dinheiro que o Benfica põe no futebol é um problema a resolver, primeiro, pelo FC Porto dentro de casa
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Das condutas questionáveis que o Benfica possa ter, oferecer "quantias astronómicas e pornográficas a jogadores de 12 e 13 anos" é das mais legítimas, por muito que isso perturbe o trabalho dos outros clubes. A acusação é feita pelo coordenador da formação do FC Porto, em entrevista a O JOGO, mas bate um pouco no poste, porque competir não vai contra as regras, mesmo que essa competição se faça em cantante.
Haverá uma questão filosófica por trás em que, eventualmente, a Federação poderia intervir, com medidas que adiassem a idade de entrada dos miúdos no mercantilismo, mas a pressão financeira que o FC Porto sofre do Benfica não é muito diferente da pressão que o Paços de Ferreira ou o Gondomar sofrem do FC Porto. Ou da que o próprio Benfica sofreu durante anos do FC Porto e que o obrigou a evoluir também no bom sentido (não foi só no mau), quer desenvolvendo o conceito de empresa, quer pelo método mais tradicional de ganhar os favores de Jorge Mendes. O FC Porto está apenas a dar respostas antigas a um problema novo e muito maior, que nem sequer foi suficientemente reconhecido nos corredores do Dragão.
Tal como o Benfica reagiu a um estímulo do FC Porto, na primeira década e meia deste século, também o FC Porto precisa de saber reagir a este Benfica mais rico, mais influente e mais amparado. Nem precisa de olhar para Carnide, se não quiser. Pode espreitar o que acontece lá fora, ver como funcionam os melhores clubes, onde vão buscar receitas extra, quem os gere, etc. Com uma ressalva, essa sim bem levantada por José Tavares: precisa, urgentemente, de competir com "quantias astronómicas e pornográficas".