Rui Costa deve olhar para o exemplo do FC Porto com a sua geração vencedora. Sérgio Conceição não "apostou" em formação nenhuma. Avançou quando teve certezas.
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O FC Porto ganhou a Youth League há três anos com uma equipa que dominava uma das gerações mais vencedoras de sempre das seleções jovens.
Só esta época Diogo Costa, Vitinha, João Mário e Fábio Vieira arrombaram o onze de Conceição, e nenhum deles por pré-determinação do clube ou do "projeto".
Esse é o lado obscuro da quarta final da prova que o Benfica vai jogar, hoje à tarde. A necessidade de namorar os adeptos fez Rui Costa regressar à demagogia da formação e um eventual troféu seria a tempestade perfeita: uma promessa do presidente, uma fornada vencedora e um treinador (Roger Schmidt) que "aposta" na formação.
Nenhum treinador da terceira década do século XXI aposta seja no que for, a menos que o obriguem. Tudo são estatísticas, números e probabilidades, antes de haver decisões.
Houve outras boas gerações no Benfica e até treinadores intimados a utilizá-las, ao preço de meias épocas perdidas (tanto com Rui Vitória como com Lage), e jogadores-bandeira como Florentino e Gedson abandonados ao caos das derrotas.
Nem sempre o melhor é pô-los a jogar imediatamente. Nem sempre o currículo de júnior é mais do que uma pista. E quase nunca há melhor forma de crescer do que a concorrência. Diogo Costa com Marchesín, Vitinha com Sérgio Oliveira, Fábio Vieira com Taremi e Evanilson.
O pior caminho para a formação pode ser, em muitos casos, a via livre para o onze da primeira equipa. A formação não é uma aposta. Se alguma noção ficou clara na exploração da geração Youth League do FC Porto é que Conceição não apostou em ninguém: avançou quando teve certeza.