Entre a integração da geração Youth League e o silencioso crescimento de Evanilson está muito do melhor trabalho que se viu ao treinador do FC Porto. Sem pressas, sem fanfarra, com resultados
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Há três anos, o FC Porto tinha em mãos uma geração excecional de miúdos. Para o adepto comum, nada mais fácil: era pô-los a jogar imediatamente.
Luís Filipe Vieira também achava, ou fingia achar, que sim e desse investimento à força saíram Rúben Dias, os 120 M€ de João Félix (mas não, por enquanto, o atacante de elite que se tomava por certo) e vários jogadores promissores a deambular pelo nevoeiro dos bancos de suplentes, dos empréstimos e das vendas precoces. Florentino, Gedson, Ferro, Nuno Tavares, Tomás Tavares ou mesmo Renato Sanches.
O FC Porto não se livrou de alguns destes problemas. Fábio Silva foi uma venda precoce, ainda que protegido pelos mimos caseiros do Wolverhampton, e Vitinha esteve perto do mesmo destino, mas voltou a tempo de participar numa das mais calculadas e seguras integrações da formação que me lembro de ter visto.
Do muito que pudemos observar de Sérgio Conceição nestes cinco anos, esse não será, com certeza, dos seus menores triunfos, até porque muita gente, de analistas a colegas de profissão, achava-o incompatível com um certo tipo de jogadores em que encaixam Vitinha, Fábio Vieira e o próprio filho, Francisco. Era um erro, porque se confundiu uma equipa de recurso (a de 2017/18) com as ideias do treinador que nem sequer a escolheu, e também porque, em Portugal e mesmo nos meios académicos, quando se fala em capacidade física pensa-se (estupidamente) em estatura, para se poder repudiar semelhantes heresias com menos dificuldade.
Três anos depois, há quatro jogadores dessa geração bem implantados na equipa, mais Francisco e outros elementos que, não sendo produto da casa, são produto de Sérgio Conceição. Evanilson e Luis Díaz são exemplos perfeitos do casamento entre o talento base e o aperfeiçoamento meticuloso no treino. No caso deles, recordemos, nem sequer traziam o carimbo da Youth League da UEFA.
A verdade é que, tendo a fama de ganhar no grito, o melhor trabalho de Conceição é o que ninguém vê nem ouve.