É injusto quando, no desporto, o reconhecimento não chega a quem merece. No caso de Miguel Oliveira, seria bem mais do que isso
Corpo do artigo
Sim, no desporto há filhos e enteados. Separa-os o público que conseguem arrastar. Lá fora, o Moto GP está no top-20 (19º), onde não constam modalidades muito animadas em Portugal, como o andebol (22º) ou o rally (26º). Ou o judo (35º), o ténis de mesa (23º), a canoagem (67º) e o hóquei em patins (77º), que geram títulos e medalhas. Para o cidadão comum, essa disparidade contará pouco; para alguém como Miguel Oliveira conta demasiado.
Não existe uma incubadora de pilotos de pista em Portugal, nem dinheiro, nem um histórico convincente com que se possa caçar um eventual patrocinador. Não há uma academia de Alcochete para Miguéis Oliveiras, nem um trampolim mediático como os que empolam qualquer embrião de futebolista.
Não existe uma incubadora de pilotos de pista em Portugal, nem dinheiro, nem um histórico convincente com que se possa caçar um eventual patrocinador. Não há uma academia de Alcochete para Miguéis Oliveiras, nem um trampolim mediático como os que empolam qualquer embrião de futebolista. Ele teve de ir ganhando coisas bem duras para nos captar a atenção, por regra sem o privilégio de ser a primeira figura das marcas, ou seja, competindo com menos armas do que a principal concorrência e, ainda assim, conseguindo melhores resultados do que alguns dos chamados pilotos de fábrica (venceu mais corridas do que os dois oficiais da KTM juntos, por exemplo).
Por muita vontade que tenha de cuspir na opinião dos videntes que atacam jornais sem os abrirem, seria desonesto contestar que qualquer Imprensa está fadada a cometer injustiças nas escolhas que faz todos os dias. Só no ranking que usei lá em cima (biggestglobalsports.com) há 100 modalidades, e em Portugal existem bem mais, com dimensões, simpatias, públicos e resultados variados. Mas ter acompanhado o percurso, saber como é difícil competir no Moto GP, saber que chegou lá a partir de Portugal, saber em que condições e com que caráter foi ganhando e, depois, negar-lhe o destaque que merece não seria uma injustiça para com Miguel Oliveira, seria uma atrocidade.