Mais comum do que as crises nas grandes equipas só a incapacidade de aprenderem a lidar com elas. No Benfica, o problema vem em dobro. E arbitragens como a de ontem não ajudam.
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Mau jogo do Benfica com o Gil Vicente, mas também má arbitragem, ou mesmo péssima se considerarmos que Soares Dias impediu o VAR de intervir num lance de golo. Invalidar o videoárbitro é o novo pecado capital dos apitos, inaceitável mesmo, sob qualquer ponto de vista.
Outro resultado, no entanto, faria pouca diferença para o que sucede na Luz. Os pontos perdidos ontem perder-se-iam noutra semana qualquer, porque até quem vê pela televisão consegue cheirar as fraquezas e as dúvidas de uma equipa destruída.
Em Portugal, raramente estes momentos são bem geridos, apesar de serem bastante comuns, e no Benfica essa dificuldade é elevada à décima potência. Não há oito ou oitenta: há 0,8 ou oitocentos. A crise exige racionalidade absoluta, mas a Luz está rodeada de irracionalidade, dos adeptos, dos adeptos com tempo de antena nas televisões, das revelações contínuas do processo "Cartão Vermelho", dos elementos dos órgãos sociais que não abdicam da liberdade de expressão, etc.
Desde a final da Taça da Liga perdida sem Rafa, Otamendi e Darwin, a agenda mediática do Benfica está marcada pelo despedimento ou não de Nélson Veríssimo. Não é preciso dizer mais nada.
Na melhor das hipóteses, o FC Porto sai do mercado de janeiro como estava. O Sporting não. Edwards e Slimani são jogadores diferentes dos que Amorim tinha disponíveis. Representam uma etapa de crescimento a que o treinador vinha, assumidamente, resistindo em defesa da "família" e dos meninos que estiveram com ele na época passada.
Rúben não é um produto acabado. Também se agarra ainda a ideias erradas, mais ligadas ao coração do que à cabeça, mas nada como seis pontos de atraso para o fazer repensar. Não fazia qualquer sentido continuar a competir sem um ponta de lança alternativo, e Edwards acrescenta um poder de explosão praticamente circunscrito (e como) a Pedro Porro. O mercado de janeiro trouxe (mais) juízo ao treinador do Sporting.