O que dói, nas atuais equipas alemãs, é que a superioridade vem, primeiro, de coisas baratas, como a organização e a inteligência. Os treinadores e o scouting (deles, não os nossos) estão na vanguarda
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O pior do Bayern é que, neste caso, a desculpa do dinheiro não cola. Em Munique gasta-se menos do que em Manchester, Londres, Madrid, Paris ou Barcelona. Nas últimas duas épocas, menos até do que no Benfica (119 M€ contra 130 M€).
O que deve doer, quando um jogo tão conseguido como o de ontem na Luz vira do avesso em cinco minutos, é que o Bayern ganha, principalmente, por ser o topo de gama de um futebol mais desenvolvido.
E em tudo, dos treinadores de vanguarda ao scouting, rankings em que os portugueses se deixaram adormecer, se calhar mesmo estagnar, à sombra de créditos passados. Há muito a aprender com os alemães, e incluo as finanças nesse pacote.
Das três goleadas sofridas esta época na Liga dos Campeões, a do Benfica foi, de longe, a mais digna, nas duas pontas do campo. Um bloco de aço diante de Vlachodimos (Otamendi, Verthonghen e Lucas Veríssimo nasceram para estes jogos) e três salteadores ultrassónicos de olhos postos na baliza alemã.
A fórmula perfeita para um jogo seguro: defesa apertada e capacidade para, ainda assim, manter as orelhas do Bayern a arder. O castelo de cartas caiu, ao 0-2, por um misto de pânico e desorientação, contra um adversário cuja principal qualidade é nunca entrar em pânico nem se desorientar.
O ideal seria dividir a noite em dois jogos. Um primeiro, de 80 minutos, em que o Benfica perde 0-1 para um quase seu semelhante; e um segundo, de dez minutos, em que se torna mais uma vítima do Bayern, nem melhor, nem pior do que as dez que já foram goleadas esta época. Ainda assim, uma boa tentativa.