No dia em que o IFAB deu um passo para eternizar as cinco substituições, Pepa (um defensor da ideia) ofereceu-nos uma aula de bem substituir contra o Benfica. Mas um Pepa não faz a Primavera
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Quando o IFAB, comité internacional que define as leis do futebol, abriu a porta às cinco substituições, Pepa treinava o Paços de Ferreira e aplaudiu a ideia.
Só há dois motivos para o treinador de uma equipa pequena defender uma mudança que favorece os poderosos: falta de reflexão (e não era claramente o caso) ou muita confiança nas suas habilidades.
O V. Guimarães-Benfica de ontem deu-lhe razão. Pepa usou melhor a ferramenta do que Jesus, apesar das diferenças substanciais entre o que havia num banco de suplentes e no outro. Aos oito minutos estava a perder, aos 15 encaixava o segundo e, logo depois de reduzir, levava o terceiro. O que se planeara na véspera já não importava. São esses os momentos que distinguem o verdadeiro treinador do burocrata. Mas nem todos podem ser Pepas.
A última eliminatória da Taça de Portugal demonstrou bem a desigualdade cavada pelas cinco substituições, e com detalhes irónicos. Os "maiores" entraram com as segundas linhas e puderam socorrê-las com metade do onze titular, que tinham no banco, enquanto os mais pequenos, alinhando (claro) com a equipa principal, só podiam fazer o contrário: trocar os melhores pelos suplentes habituais.
O IFAB decidiu ontem que a medida pode passar a permanente, e há uma explicação para que as desigualdades que ela aumenta sejam ignoradas. Poder mudar meio onze em todos os jogos é um paliativo para um calendário internacional atafulhado de competições e sem consensos à vista.
Haverá sempre os Pepas, dizem-me, mas também eles tendem a saltar depressa do banco dos Vitórias para o banco dos Benficas.