Os Valores Mobiliários Obrigatoriamente Convertíveis do Sporting são um dos grandes mistérios da era moderna. Agora, talvez, a dobrar
Corpo do artigo
A autópsia da equidade bancária dos últimos 40 anos do futebol profissional (para fazer a vontade a Frederico Varandas) está por fazer, e os VMOC (Valores Mobiliários Obrigatoriamente Convertíveis) do Sporting estão no centro dessa polémica nunca levantada (ao lado do generoso relacionamento entre Luís Filipe Vieira/Benfica e Ricardo Salgado, ex-BES).
No essencial, os bancos trocaram dívida sportinguista pelo direito de a converter em ações da SAD em caso de incumprimento. Quando os bancos (BES e BCP) aceitaram fazê-lo, o negócio era calamitoso: as ações dos clubes valiam amendoins e o Sporting não era sequer um caso de sucesso, nem desportivo nem comercial.
Converter os VMOC em ações significaria apenas a entrada (e corresponsabilização) dos bancos num péssimo negócio, daí que, apesar de várias reestruturações e mesmo importantes descontos à dívida (as ações convertíveis desceram de um euro para 30 cêntimos), essa conversão nunca tenha acontecido. Mas o futebol mudou.
Aos "investidores" obscuros foram-se juntando outros, de uma nova vaga, com interesse em entrar no capital das SAD mesmo de forma minoritária. Até melhor informação, o norte-americano John Textor era um caso concreto, à vista dos portugueses.
Tanto que a primeira reação do ex-presidente Filipe Soares Franco ao anúncio, ontem, de que o Sporting comprara os VMOC do BCP foi falar na hipótese de negociar essas ações, e isso leva-nos ao ponto essencial, na minha confessa inocência bancária: os bancos estavam na Lua quando embarcaram nos VMOC (e as ações não valiam nada), e continuam na Lua agora, quando as ações podem valer muito - supondo, como parece, que houve negociação?