Os bolsos cheios do Benfica, os produtos hortícolas do presidente e um problema em potência para FC Porto e Sporting
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Duzentos milhões de euros de receitas extraordinárias, como as que o Benfica se prepara para atingir esta época, são um problema acrescido para o FC Porto e para o Sporting. O Benfica tem mesmo um projeto de poder e o dinheiro ajuda muito nessas coisas. Sem dinheiro, seria uma tolice acumular três grandes escritórios de advogados, por exemplo.
Para além disso, o Benfica soube gastar melhor em infraestruturas e no crescimento da parte empresarial, sinal de que pode fazê-lo outra vez e adiantar-se ainda mais numa corrida que está a ganhar. Mas, no futebol jogado, o dinheiro foi muitas vezes obstáculo, para qualquer um dos três grandes.
Compra-se em excesso, para formar alianças tantas vezes ilusórias com pequenos clubes amigos
Há o cheiro da carniça, claro, que chama sempre os abutres, mas também a tendência para a terra queimada, para o açambarcamento irracional e para a perda de foco. Faz-se compras desnecessárias, às vezes até vendas, para interferir de alguma maneira num plantel alheio.
Compra-se em excesso, para formar alianças tantas vezes ilusórias com pequenos clubes amigos, e aparece sempre a tentação do salto maior do que a perna, porque, à dimensão portuguesa, também se compra Félixes por cá.
Nos últimos anos, não se consegue ligar diretamente o investimento, isto é, a compra de reforços, a quase nenhum título. O FC Porto voltou a ser campeão quando reuniu jogadores dispersos já com alguns anos de casa. O Benfica tirou-lhe esse gosto quase à revelia das compras que fez.
Mas, quando há inteligência e conhecimento para contratar bem, é melhor ter dinheiro, embora, neste caso, Luís Filipe Vieira tenha criado um óbice complicado para si próprio. Cada compra que puser em causa o lugar de uma promessa da formação será, evidentemente, uma séria contradição hortícola.