Em Itália, os futebolistas estrangeiros passarão a pagar imposto sobre apenas metade do salário. Adivinhem quem sai prejudicado outra vez
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A Itália aprovou um decreto a que chamou Crescimento (o nome é importante) para atrair quadros qualificados estrangeiros, incluindo futebolistas, que passarão a pagar impostos sobre apenas 50% do salário. É uma medida que dá armas aos clubes para a guerra desproporcionada com as ligas mais ricas - e que acrescenta uma série de concorrentes às equipas portuguesas no mercado e na tão querida formação.
A partir de janeiro de 2020, o plafond dos italianos para ordenados de reforços estrangeiros dobra, sem que isso implique grande esforço das contas públicas. Em Portugal, a política que vai para a cama com a banca e com a construção civil e que gosta de exibir as partes pudibundas nas tribunas de alguns estádios altamente desaconselháveis, tem horror à "promiscuidade" com o futebol quando chega a hora de governar (isto é, fazer as coisas boas crescerem ou, neste caso, impedir que elas murchem). Um decreto como o italiano até poderia servir para impor, como contrapartida, um pacote que inclua direitos de televisão centralizados, um escrutínio financeiro em condições e até algum tento na língua.
Mas não. Vamos continuar com conversa mole, demagogia e discursos de circunstância, enquanto a Liga encolhe e a Europa foge. Agora pensemos: se isto é assim num problema simples de resolver, como podemos alguma vez esperar soluções competentes para dilemas tão complexos como as da Educação, da Saúde ou da Segurança Social? O futebol explica demasiado bem o país.