Menos de 24 horas depois de oficializado Schmidt, já havia gente a escrever que os portugueses são os melhores do mundo.
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Depois de todas as comichões que nos chegaram do Brasil por causa da invasão de treinadores portugueses, não foram necessárias 24 horas para aparecerem as duas primeiras reações alérgicas a Roger Schmidt, oficializado anteontem no Benfica.
A primeira veio com desconto, por ter saído da boca ressabiada (e agora desabrigada de bigode) de Luís Filipe Vieira, mas a segunda teve a assinatura do ex-diretor do Correio da Manhã, num artigo de opinião.
Diz Otávio Ribeiro que não precisamos por cá de Schmidts porque temos a melhor escola de técnicos do mundo. Na verdade, é claro que não temos, seja qual for o método de valoração.
Factual é que três treinadores alemães diferentes, em três clubes diferentes, mas com a mesma base tática, ganharam as últimas três Ligas dos Campeões. O único português a vencê-la foi Mourinho, a última em 2010. E sabem como se formou Mourinho? Oito anos de estágio com o alentejano Bobby Robson e o açoriano Louis Van Gaal. Ninguém sabe se Schmidt funcionará. Sabemos que uma aproximação às ideias dele (o FC Porto de Sérgio Conceição) resulta bem no campeonato, desde 2017, e que o Benfica, perdido o jesuísmo, precisa de uma identidade nova. Procurá-la na escola mais bem-sucedida da última meia década ou, se quisermos, na equipa mais apreciada (o Liverpool), será assim tão descabido? O motivo é o mesmo que leva o Brasil a importar treinadores portugueses: procurar a vanguarda.
A diferença está na atual circunstância dos clubes brasileiros. Para eles, os portugueses ainda são vanguarda. No Benfica, o regresso de Jesus (revolucionário no Brasil) deixou a suspeita de que, em Portugal, pelo menos aquela versão de treinador português está ultrapassada. Em qualquer caso, a chegada de um alemão não é bem o IV Reich.