Ninguém sabe tanto de pré-eliminatórias como António Salvador. Mas pensava-se que também sabia mais do G15
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As eliminatórias de agosto estão para as equipas portuguesas como o pólen da primavera para os alérgicos. Até podem ter sido fatais para algumas menos experientes, como o Paços de Ferreira que ganhou os galões internacionais apenas para quase descer à II Liga a seguir. Mas quando agosto é um cataclismo mesmo a sério, faltam emblemas portugueses na Liga Europa e na Liga dos Campeões, ou seja, faltam pontos no ranking da UEFA. Menos pontos, mais pré-eliminatórias, mais macacoas, menos pontos ainda. A sinusite sobra para todos.
Até uma recente intervenção do presidente da FPF, a preocupação com este problema menor era pior do que zero. Em vez de protegerem as equipas que andam na faina internacional, os regulamentos passaram a torturá-las mais um bocadinho. Foi nisso (rigorosamente apenas nisso) que deu o fim do travão, no calendário, aos jogos entre os primeiros classificados nas primeiras jornadas. O Benfica teve de aguentar o Sporting a meio do apuramento para a Champions, há um ano, e o FC Porto vai levar com o Benfica esta época, na mesma situação, sem se ganhar nada com isso.
Ora, ninguém conhece tão bem o problema como António Salvador. Nos últimos dez anos, o Braga fez 18 jogos de qualificação. Só entrou diretamente na Liga Europa duas vezes e caiu no play-off outras três. Não há presidente mais qualificado para falar do assunto, até porque o progresso europeu do Braga pode estar a ser a principal vítima desta indiferença pateta (e com ele a possibilidade de criar mais uma equipa portuguesa que garanta pontos). Mas, e este é um senhor mas, foi o G15, grupo de que Salvador foi em tempos porta-voz, quem decidiu usar o fim da proteção às equipas que jogam na Europa como bandeira de afirmação contra os grandes. A súbita revolta do Braga não ajuda a perceber este mundo tão estranho.