Embora até tenha perdido o quarto lugar em 2017, nos últimos oito anos nenhuma equipa chegou à 26.ª jornada a um ponto do Braga. Nem com os atuais 45 pontos deste Gil Vicente.
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Há oito anos que nenhuma equipa, fora os grandes, lograva estar a um ponto do Braga à 26ª jornada. O Vitória esteve a dois, em 16-17, e acabou a descalçar-lhe o quarto lugar. Mais ninguém conseguiu.
E, pelo menos desde 2014, nenhum quinto classificado tinha 45 pontos neste momento da época: é esta a singularidade do Gil Vicente de Ricardo Soares, vencedor na Pedreira, contra um Braga cansado, mas a mostrar-se finalmente consistente depois de muitos meses à procura disso.
A parte dos 45 pontos é importante, porque significa que não se pode atribuir esta proximidade apenas à transição de ciclos no plantel bracarense (que, de resto, em cinco das oito épocas, andou sempre à volta dos atuais 46 pontos). O Braga habituou-se a viver mais perto do terceiro lugar do que do quinto, talvez nem sempre para seu benefício.
No futebol, ter as costas quentes é um mau hábito. Aquele espaço tornou-se terra de ninguém, uma espécie de cerca sanitária para o resto dos competidores, por isso é bom que desapareça de vez em quando, embora fosse pedir demasiado ao Gil Vicente que se tornasse a muito necessária quinta equipa da Liga portuguesa.
Ninguém se pode queixar do dérbi de ontem. Uma noite sem anti-jogo, sem confusões entre competir e agredir, sem obsessão pelo árbitro e encerrado num golo artístico. O Braga pode reivindicar, com razão, maior vizinhança com a baliza, até esse golo chegar, mas até o bom trabalho (às vezes, muito bom) dos rapazes de Carvalhal acaba a valorizar uma vitória que exigiu cérebro ao Gil. Por trás da fumarada permanente, há, com frequência, uma grande liga.