Com o anúncio de Nakajima, o FC Porto entrou numa corrida desnecessária
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O FC Porto passou a disputar o campeonato do defeso quando anunciou o pré-acordo com Nakajima. Acontece quando se embarca na ideia de que a comunicação é um jogo de aparências. O Benfica, a quem estas coisas já saem com muito mais naturalidade, fez o mesmo no negócio João Félix desde o início. Mas estão os dois enganados. A verdadeira batalha da comunicação não se faz para convencer os próprios adeptos (isso é fácil); faz-se para desarmar os adversários. Quanto menos ilusionismo se meter na comunicação, mais honestidade transparece; quanto mais honestidade transparece, menos material é estendido à contrainformação.
O FC Porto não tem de justificar a perda de Bruma. Todas as épocas, todos os clubes falham contratações; são bastantes mais as que se falham, aliás, porque os proprietários tendem a querer, como se chama?, dinheiro. Até são os melhores programas televisivos da época, quando comentadores que nunca negociaram um berlinde reduzem uma das tarefas mais complicadas do futebol a uma espécie de apanha da ameixa. Por outro lado, os três grandes estão a contratar pior (um facto, nas duas últimas épocas) e essa consciência (existindo) aconselha ponderação, mais ainda a um clube obrigado a respeitar ao milímetro os limites do fair play financeiro.
Anunciar Nakajima foi apenas assumir o caso Bruma como um sinal de fraqueza, mas as fraquezas no futebol só se medem assim no tal campeonato do defeso que, de resto, o FC Porto nunca ganha, nem deve querer ganhar, imagino. Sinal de fraqueza seria falhar a qualificação para a Liga dos Campeões por falta de jogadores à altura. Até lá, nenhum estúdio de televisão lhe servirá para dar a prova de força (e união, já agora) de que precisa para mudar a agulha aos críticos.