Pepe é o jogador que aproxima a equipa de Conceição dos tubarões europeus, mas não durará para sempre e já se nota. Há uma sirene a tocar na defesa portista
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O FC Porto não se pode queixar. Nos últimos quarenta anos, gerou e contratou vários defesas centrais de classe mundial, que, de bónus, deram quase sempre grandes negócios. Mas Pepe é especial.
Ao facto sobrenatural de, aos 38 anos, jogar como quando tinha 28, junta mais de uma década a respirar o futebol de elite e a ganhar Ligas dos Campeões. É a barbatana que faz o FC Porto sentir-se um bocadinho tubarão também.
Quem quiser rebobinar a última época na Champions percebe o que isso quer dizer. Mas Pepe tem mesmo 38 anos e, neste momento, não está a formar um sucessor. Marcano é um veterano e Mbemba cumpre a última época de contrato, até agora com pouco brilho e muitos erros que não se lhe viam em 2020-21.
Fábio Cardoso vive naquele purgatório dos reforços que, com Sérgio Conceição, tanto pode redundar numa saída discreta, no fim da época, como numa súbita explosão (Mbemba foi assim).
Entretanto, as fraquezas que Pepe não demonstra no campo ficam guardadas para a enfermaria, onde ele vai passando cada vez mais tempo, com aparentes reflexos no rendimento defensivo do FC Porto. É essa a urgência imediata de Sérgio Conceição.
O coreano Kim Min-Jae, em que ele insistiu no defeso, acabou desviado por Vítor Pereira para o Fenerbahçe. Na Turquia, pegou de estaca, jogando ao centro num esquema de três centrais, e subiu de cotação (custou 3 M€ e está agora avaliado em 6,5). Duas das três derrotas na liga turca foram sem ele, ou quase: na segunda foi expulso aos 23", na terceira cumpria o castigo.
Dizer que Min-Jae teria sido a solução seria forçar demasiado os meus dotes especulativos, mas o problema do FC Porto mantém-se: quando não há Pepe, não se vê uma barbatana de tubarão europeu nas águas da defesa portista.