Vimaranense da MMA é estrela na Bellator e no sábado vai procurar uma vitória que o leve a lutar de novo pelo título mundial.
Corpo do artigo
Aos 21 anos deixou Guimarães e partiu para Dublin em busca de um sonho: chegar ao topo da MMA. Hoje, passados sete anos, Pedro Carvalho está na Bellator, é quinto no ranking de peso-pena e partilha o ginásio com Conor McGregor. A um passo de lutar de novo pelo título mundial, o vimaranense falou a O JOGO.
Como foi a sua infância?
- Venho de um "background" pobre e bastante humilde. Nunca conheci o meu pai e cresci a ver a minha mãe a ter dois trabalhos, criando-me com a ajuda da minha tia. Amor e carinho nunca me faltou, apesar de tudo.
Jogou futebol e depois passou para a MMA. Foi aí que percebeu o seu futuro?
- Cheguei a fazer captações em clubes da terra, como o Moreirense, mas, apesar de gostar de jogar e ver futebol, faltava qualquer coisa. A primeira vez que vi um combate de MMA na televisão apaixonei-me logo. Na altura não sabia que havia MMA em Portugal, muito menos na minha cidade. Só aos 13 anos, em conversa com um colega do futebol, ele disse que ia treinar, não futebol mas sim praticar MMA. Parou tudo! Lembro-me que era uma quarta-feira e no sábado já me estava a inscrever no antigo Sport Gym, em Guimarães.
Como mudou para Dublin?
- Treinei mais três anos até ter a minha primeira competição e depois tornei-me profissional. Na altura nem existia a possibilidade de ser amador, se queria lutar era como profissional. Como as coisas não andavam, em 2015 eu e a minha companheira colocamos essa possibilidade. No ano seguinte fomos para Dublin, uma escolha fácil, porque tinha lá o melhor treinador do mundo. O John Kavanagh é atualmente o meu treinador. E estamos apenas a duas horas de voo de Portugal.
17064807
A adaptação foi fácil?
- A primeira dificuldade foi não conhecermos nada nem ninguém em Dublin. Em novembro de 2016 aterramos, tendo apenas uma semana marcada, mas após esses dias não tínhamos nem trabalho nem casa para viver. No voo de regresso decidimos voltar, mas marcando apenas o voo de ida. E foi assim. Conseguimos trabalho, casa e ficamos até hoje.
Porque passou a chamar-se "The Game"?
- Quando comecei a ganhar alguma notoriedade tive que escolher um 'nickname'. Gostei desse porque saltou à vista e era original. Ninguém tinha. Depois identifiquei-me com ele, pois sou um atleta que quer estar sempre um passo à frente do adversário, a todos os níveis.
É quinto do ranking em peso-pena, com 13 vitórias e 7 derrotas. Que importância têm estes números?
- Neste momento, nenhuma. O que importa é eu estar no top 5.
Passaram sete meses desde o último combate e agora tem pela frente outro importante, com Aaron Pico. Que expectativa tem?
- Vencer. Não há dúvidas. O meu adversário é o número 3 e quem vencer esta luta irá lutar pelo título mundial interino, por isso o objetivo é esse, é a única coisa que me importa. Somos sempre nós contra nós mesmos. A luta verdadeira é o estado psicológico da pessoa. O número 3 do ranking não é muito diferente do número 8 ou 9. Têm todos braços, pernas, ficam todos nervosos, por isso o foco deve ser sempre ter força psicológica. Ali todos são bons, ninguém caiu de paraquedas, mas somos nós contra nós mesmos. Tenho a perfeita noção de que tenho todas as ferramentas para provar que sou o melhor e este sábado é uma excelente oportunidade para o fazer. É o que eu vou fazer.
17066371
Até onde pretende chegar?
- O objetivo principal é ser lembrado. Entrar na história do desporto. Para isso tenho de ganhar títulos e é isso que ambiciono. Uma estação de cada vez, conquista a conquista, não querendo dar um passo maior que a perna. É uma questão de tempo até conseguir fazer aquilo a que me propus.
Quem é o seu maior ídolo?
- A minha mãe. Ela é que me deu as bases de tudo. Ensinou-me que para termos algo temos de batalhar e trabalhar muito. Principalmente nós, sendo de um berço muito humilde. Se me perguntarem se tenho algum ídolo atleta, sou eu.
Como é recebido quando vem a Portugal?
- Felizmente, sou muito acarinhado em Portugal. É gratificante ver miúdos que normalmente querem é saber de futebol a falar comigo. É bom, porque é o reconhecimento do nosso trabalho.
Qual é o seu maior sonho?
- Que os meus filhos não passem por um terço daquilo que eu passei e que nada lhes falte. Quero que tenham orgulho no pai.