Após os bons testes com a Ferrari e a Alfa Romeo, o filho de Michael Schumacher vai poder decidir se dá o último salto na carreira dentro de um ano ou se espera mais dois.
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"Ser comparado ao meu pai não é problema. Ele faz parte de mim", declarou, há meses, Mick Schumacher. Embora encare o seu legado com a maior descontração possível, o alemão de 20 anos sabe que, no dia em que decidir entrar na Fórmula 1, vai concentrar todas as atenções. Apesar de - e essa é uma realidade que alguns não entenderão - ser praticamente impossível igualar os sete títulos mundiais de Michael Schumacher.
O alemão é um dos sete jovens que atualmente evoluem na "Ferrari Driver Academy" e foi essa escola que lhe abriu as portas para os dois dias de testes que fez no Barém, um com o Ferrari depois utilizado por Sebastian Vettel e outro com o Alfa Romeo, que funciona como equipa satélite da Scuderia.
O comportamento de Mick esteve à altura das expectativas (2.º tempo com o Ferrari, 6.º com o Alfa Romeo) e provou que no final desta época vai poder escolher: ou faz um segundo ano na Fórmula 2, campeonato em que se estreou há dias, ou entra de imediato no Grande Circo, provavelmente ao volante de um Alfa Romeo.
"Muitas vezes, olho para o Mick e vejo nele o Michael. É lindo, mas uma tremenda pressão para ele", revela Ross Brawn, atual diretor da organização da F1, mas engenheiro de Schumacher na maioria dos seus sete títulos, os últimos cinco ganhos com um Ferrari. A pressão será o maior problema para o jovem, até porque ninguém evita as comparações.
"Ele percebe tudo, é muito técnico, vai ao detalhe e é muito bom em corrida", analisou Rene Rosin, seu atual patrão na Prema, uma das melhores equipas de Fórmula 2. A descrição faz lembrar Michael Schumacher, embora o pai, isolado do mundo desde o acidente de esqui que em dezembro de 2013 o deixou em coma, pouca influência tenha na carreira da Mick.
No dia em que esquiavam juntos, Mick tinha 14 anos e era piloto de karting. Só em 2015 começou a correr em monolugares e apenas o ano passado, diz quem o conhece, se focou de tal forma que dominou a Fórmula 3 e passou a ser quem é hoje, um piloto tão sólido e concentrado que, depois de andar pela primeira vez com o Ferrari, fez um comentário significativo: "Senti-me confortável, senti-me em casa".
Se dentro de um ano entrar na Fórmula 1, o jovem alemão será o 14.º filho a suceder ao pai ao mais alto nível. Entre os muitos antecessores há exemplos para todos os gostos, mas também um aviso sério: apenas três foram campeões mundiais - Damon Hill, Jacques Villeneuve e Nico Rosberg - e nem esses foram considerados melhores pilotos que os progenitores.
Embora o primeiro dos filhos de antigos pilotos se tenha estreado na Fórmula 1 há 45 anos - Hans-Joachim Stuck, em 1974 - só um alimenta a expectiva de vir a ser um campeão para a galeria dos inesquecíveis, Max Verstappen, por sinal um dos amigos de infância de Mick Schumacher.
O holandês foi o mais novo de sempre a estrear-se na Fórmula 1 (17 anos e 166 dias), o mais novo a vencer uma corrida (18 anos e 228 dias) e, tendo agora 21 anos, ainda não perdeu a esperança de ser o campeão mais jovem. Talvez seja Max, conhecido pela irreverência, o amigo ideal para aligeirar a carga nos ombros de Mick...