Mourinho deve fazer a estreia precisamente 25 anos depois de assinar pela primeira vez pelo Benfica
Encarnados e o Special One já têm entendimento para um contrato válido até 2027. Rui Costa escolheu o técnico de 62 anos para suceder a Bruno Lage. O treinador viajou ontem de Espanha para Portugal e à chegada assumiu o interesse em comandar as águias, 25 anos depois.
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CURIOSIDADES
Uma coincidência no dia 20 de setembro
O dia 20 de setembro de 2000, há 25 anos, ficou marcado na carreira de José Mourinho, dado ter sido o dia em que assinou o seu primeiro contrato como treinador principal e logo com o Benfica. Agora, pode voltar à Luz e estrear-se no mesmo dia, no embate com o Aves SAD.
Entrada a perder e saída a vencer o dérbi
José Mourinho entrou no Benfica... a perder. Foi a 23 de setembro de 2000, na visita à casa do Boavista (1-0), que se sagraria campeão. Mas saiu por cima. Na receção ao... Sporting, conduziu as águias a um triunfo claro por 3-0, com um bis de João Tomás e outro golo de Van Hooijdonk. Saiu a seguir, com 11 jogos, seis vitórias, três empates e duas derrotas.
Vilarinho e Noronha a "vice" na rescisão
Eleito em outubro de 2000 como presidente, derrotando Vale e Azevedo, Manuel Vilarinho, com o agora candidato Noronha Lopes como vice-presidente suplente (saiu em outubro de 2001 já efetivo), despediu Mourinho em dezembro, após o triunfo no dérbi. O técnico sentiu que estava a prazo e exigiu renovar, o presidente disse-lhe para arrumar o cacifo.
Sabry abriu a boca e resposta foi terrível
Uma entrevista em que Sabry, extremo do Benfica em 2000/01, criticou as opções de Mourinho gerou uma resposta arrasadora do técnico. Em conferência de Imprensa, este puxou do seu caderno e sublinhou as oportunidades falhadas pelo egípcio na cara do guarda-redes, o número absurdo de foras de jogo, os oito minutos que demorou a apertar as chuteiras para entrar num jogo, e muito mais.
Nenhum português tem tantos títulos
José Mourinho conta com um total de 26 títulos no seu currículo desportivo (cinco deles europeus), que lhe permitem ocupar o lugar mais alto entre treinadores portugueses. Jorge Jesus (23) e Manuel José (22) completam o pódio.
Dois anos para Mourinho
Escolha para assumir o comando técnico do Benfica e suceder a Bruno Lage, José Mourinho prepara-se para liderar as águias durante os próximos dois anos. Segundo apurou O JOGO, as negociações avançaram ontem, com as partes a chegarem a um entendimento para um vínculo válido até ao final de 2026/27, que ditará o regresso de Mourinho ao Benfica, clube onde se estreou como técnico profissional, 25 anos depois. Mourinho, que estava em Espanha, viajou com destino a Portugal, sendo que o negócio não foi oficializado ainda ontem, pois estavam ainda a ser discutidos os últimos detalhes. Porém, é expectável que o processo fique concluído já hoje, para que o treinador possa tomar conta dos destinos da equipa e preparar a visita ao terreno do Aves SAD, com a ajuda de elementos como João Tralhão - volta também ao Benfica, onde trabalhou 17 anos na formação - e Ricardo Formosinho, seus adjuntos no Fenerbahçe.
À chegada a Portugal, não escondeu o "interesse" pelo cargo do clube da Luz. E se começou por atirar aos jornalistas um "não tenho nada para dizer-vos", acabou de forma sintomática: "Se se concretizar com o Benfica, quem é o treinador que diz que não ao Benfica? Eu não."
Confirma contactos com elogios a Lage
Com um batalhão de jornalistas à sua espera em Tires, José Mourinho não se negou às questões e ainda que tenha jogado à defesa quanto ao estado das negociações, confirmou os contactos e até o desejo em liderar as águias. "A única coisa que eu confirmo é que antes de entrar no avião perguntaram-me se poderia ter interesse em... E eu disse que sim, que poderia ter interesse. O Benfica oficialmente perguntou-me se estaria interessado. Disse que estava no estrangeiro e que quando regressasse a Portugal teria todo o gosto em falarmos", atirou, garantindo que o ingresso na Luz 25 anos depois não tem qualquer carga emocional. "Se regressar ao Benfica não é uma celebração de carreira nem é um regresso a casa", sublinhou, realçando que não aceitaria qualquer desafio. "Saí do meu anterior clube há três/quatro semanas, se me perguntar se estava à espera de ficar até final da época sem treinar, essa não é a minha natureza, eu queria treinar, disse a mim próprio que teria de equilibrar-me emocionalmente, porque não queria dizer sim ao clube que não fosse o certo só porque sou "workaholic" ou "footballaholic". Quando fui confrontado com a possibilidade de treinar o Benfica não pensei duas vezes; "Interessa-me, gostava"."
À beira de ser oficializado como sucessor de Bruno Lage, despedido na madrugada de quarta-feira após um empate com o Santa Clara (1-1) e um desaire com o Qarabag (2-3), ambos na Luz, Mourinho solidarizou-se com o colega. "Conheço o sentimento, conheço o que o Bruno está a sentir. Precisa de fazer o que todos fazemos, é luto, não há um treinador que saia feliz, que não saia frustrado, a pensar que as coisas poderiam ter-se passado de forma diferente. Olho para ele com imenso respeito e solidariedade porque passei pelo mesmo há pouco tempo e o que disse dele quando jogámos com o Benfica, repito, é um ótimo treinador que tinha um grupo de jogadores extremamente importante e que felicitei", afirmou, reforçando: "Não sou um grande exemplo de fair-play. Para mim, dar os parabéns e dizer que mereciam ganhar, não foi uma coisa fácil." E, sobre Lage, concluiu: "Desejo o melhor para a carreira dele. O Bruno sabe, até porque conversámos, que o meu regresso a Portugal não estava programado, o que estava na minha cabeça como uma consequência natural para a minha carreira seria regressar a Portugal para treinar a Seleção."
Deixou farpas ao Fenerbahçe
Ao início da tarde, Ali Koç, presidente do Fenerbahçe, comentou a contratação de Mourinho pelo Benfica como uma "estranha coincidência da vida". E o técnico aproveitou para lançar uma farpa. "Sempre que saí dos clubes fechei a porta, não respondi a provocações, não fui encontrar desculpas, não culpei ninguém. Sempre saí com essa forma de estar na vida. Ele tem uma maneira diferente de atuar. Desde que saí, já falou imensas vezes e não justificou por que razão o jogador que nos eliminou [Akturkoglu] só foi comprado após ter-nos eliminado".
Já falou com cachecol, que levou para casa
Em Tires, José Mourinho tinha à sua espera alguns adeptos do Benfica. Um deles colocou um cachecol à volta do pescoço do técnico, que não se mostrou incomodado com tal facto, mantendo-o enquanto falou. No final, ia entregá-lo ao fã, mas este fez sinal para que Mourinho guardasse o adereço. O técnico levou-o para casa e colocou-o no tablier da viatura.