Michael Masi tem sido contestado pelas decisões que tomou em Abu Dhabi e valeram o título a Verstappen, mas as regras dizem que ele é... soberano.
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"Por que não se tiram esses carros do caminho?", terá questionado Christian Horner, diretor da Red Bull, no polémico telefonema para Michael Masi, quando o safety car rodava, na pista de Abu Dhabi, à frente do Mercedes de Lewis Hamilton, seguido por Lando Norris, Fernando Alonso, Esteban Ocon, Charles Leclerc e Sebastian Vettel, todos com uma volta de atraso, e só depois por Max Verstappen.
O diretor de corrida terá pedido "um segundo", para "deixar tudo claro", e depois mandou os cinco atrasados ultrapassarem o safety car, esqueceu outros três que vinham atrás do Red Bull e recomeçou a corrida, para uma volta em que Verstappen ultrapassou Hamilton e se sagrou campeão mundial.
Masi, australiano de 42 anos que é diretor de corridas da Fórmula 1 desde 2019, fechou a época com mais uma decisão polémica e ontem tinha milhares a pedir a sua demissão nas redes sociais. Os regulamentos dizem que deve mandar os carros com voltas de atraso passar o safety car, para as recuperar - portanto, seria a Red Bull a protestar se não o fizesse -, mas na pista de Yas Marina fez-se uma interpretação nunca vista da regras. Por sinal um hábito de Masi, que na Bélgica homologara uma corrida de duas voltas atrás do safety car.
Os erros e a solução
O regulamento diz que todos os que têm voltas de atraso as devem recuperar com o safety car em pista, o que não aconteceu - e Carlos Sainz alega que quase perdeu o terceiro lugar para Tsunoda por ter dois deles à sua frente; explica também que safety car só deve sair uma volta depois, o que também não sucedeu - a decisiva volta 58 iniciou-se logo a seguir. Outra ação inédita: comunicar, na volta 56, que os carros atrasados não iriam ultrapassar, fazendo sorrir a Mercedes e originando o telefonema zangado de Horner, para depois dar a ordem de ultrapassar.
Estando entre a espada e a parede, pois qualquer decisão beneficiaria um dos candidatos ao título, Masi forçou a nota para cumprir o que dissera antes da corrida: "Há um acordo com as equipas para que se torne possível o desejável final com bandeira verde". Ou seja, um fim de corrida sem o safety car, que teria ficado em pista se levasse o regulamento à risca.
Sob pressão, Masi esqueceu a terceira possibilidade. Também fora das regras, mas mais justa: mostrar a bandeira vermelha - na realidade o acidente de Nicholas Latifi não o justificava... - e recomeçar a corrida, como fizera em Baku. Todos teriam pneus novos, os atrasados estariam atrás e não haveria reclamações.
Agora, a solução do australiano vai levar a Mercedes a apresentar um apelo, depois de os protestos da equipa de Hamilton terem sido recusados em Abu Dhabi. Mas os regulamentos fazem duvidar do êxito dessa última tentativa. Segundo o artigo 15.3, o diretor de corrida tem "total autoridade" na gestão do safety car. Ou seja, à luz da lei Masi está sempre certo. Ponto final.