ENTREVISTA - Os elogios de Roberto Martínez deram "mais motivação" ao defesa português dos Wolves, que, em entrevista a O JOGO, traça a meta de estar presente no Europeu do próximo ano.
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No Cartão de Cidadão surge Tote, mas é como Toti que tem ganho fama. As exibições do defesa do Wolverhampton chamaram a atenção de Roberto Martínez e as palavras do selecionador servem de gasolina aos sonhos do jogador de 24 anos. Em entrevista a O JOGO, promete responder "dentro de campo".
Não há como fugir aos elogios de Roberto Martínez, que o nomeou como jogador de "presente e futuro." Como acolheu estas palavras?
-Na altura em que começaram a sair essas notícias, não tinha visto nada. Só através do meu agente, que depois me mostrou. Foi uma alegria, é sempre bom saber que o trabalho que faço está a ser reconhecido, principalmente quando toca à Seleção. É mais uma motivação para continuar a trabalhar e, um dia, poder lá chegar.
Mas o selecionador já falou consigo?
-Sim. O selecionador veio a Wolverhampton e falou com os jogadores portugueses do clube. Funcionou como uma apresentação. Quis saber um pouco mais sobre nós, porque conhecer, já nos conhece, até penso que viu jogos nossos cá. É sempre bom sentir a presença dele, sentir que nos acompanha. É motivador.
Ficou à espera de uma chamada para breve [n.d.r. foi chamado esta segunda-feira]?
-É óbvio que toda a gente pensa nisso, toda a gente quer ser chamado à Seleção. Mas tenho mantido o foco no clube. Quero fazer bem o meu trabalho aqui e o resto virá por acréscimo, com certeza. Sem dúvida que ficaria feliz. Penso que, mais cedo ou mais tarde, irá acontecer. Basta continuar a trabalhar para isso.
Esperava estar neste patamar de reconhecimento aos 24 anos?
-Não esperava que fosse tão grande, mas o que tenho feito ultimamente é o que sempre fiz. Simplesmente tenho desfrutado de mais tempo de jogo, vou podendo demonstrar quem sou dentro de campo. E, como digo sempre, gosto de responder em campo. Fora, ouvem-se muitas críticas daqui e dacolá, mas o importante é o que faço no relvado. É apenas o início. Aliás, a resposta certa aos elogios do selecionador será essa, a que poderei dar dentro de campo.
Ir ao Euro"2024 é algo que lhe passa pela cabeça?
-Sem dúvida. Ficaria feliz se conseguisse lá estar. Para isso, há que dar continuidade ao trabalho que tenho feito. Depois, a ver vamos o que poderá acontecer.
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No Wolverhampton, tem jogado mais a lateral-esquerdo, mas também pode atuar como central. Que posição prefere?
-Já jogava a lateral-esquerdo antes de ser central, portanto, não é uma posição nova. Posso perfeitamente desempenhar as duas posições, até porque o futebol de agora requer jogadores polivalentes. O facto de conseguir fazer mais do que um lugar é uma vantagem. Seja a lateral ou central, vou dar sempre o meu máximo.
Em qual das duas teria mais facilidade em vingar na Seleção?
-Há jogadores de grande qualidade para as duas posições. Só o facto de estar ali com eles e poder aprender já seria muito bom.
A aposta num sistema de quatro defesas nos Wolves foi benéfica para si?
-O treinador [Julen Lopetegui] mostrou confiança em mim desde que chegou e tive muitos minutos. Por isso, posso dizer que me beneficiou.
Agora, uma questão curiosa. No bilhete de identidade lê-se Tote, mas é conhecido por Toti. Qual a origem desta mudança?
-Na altura, foi um erro! [risos] Era suposto ser Toti, até podia ter mudado, mas deixei assim. Sempre foi Tote no Cartão de Cidadão, mas desde pequeno que toda a gente me trata por Toti, até os meus pais. Não é o nome oficial, mas é como se fosse.
"Pepe e Rúben Dias são de um nível que quero atingir"
Cristiano Ronaldo e Messi são dois ídolos de Toti Gomes, mas, restringindo a análise à zona mais recuada do terreno, Pepe e Rúben Dias são as referências. "Tento tirar um pouco do que eles fazem, principalmente pela experiência que têm. É um nível que espero atingir. Já estive com o Rúben em Inglaterra, falámos no final de um jogo, mas nada de mais. Seria um sonho partilhar o balneário e o campo com eles na Seleção, tal como com o Cristiano", afirma o polivalente defesa dos Wolves. Quanto ao futuro, admite que "gostaria de voltar a Portugal um dia", mas não dá nome à preferência clubística. "Só estou focado nos Wolves", sublinha Toti.