Chamado de urgência a um Cluj irreconhecível, Toni não se limitou ao essencial: além de ter evitado a descida, ganhou a Taça e bateu-se pelo bom futebol. Após as buscas da polícia e as férias, bateu com a porta
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Em cinco épocas na Roménia, Toni conquistou uma liga, uma Supertaça e três Taças. O último troféu foi obtido em condições especiais ao serviço do Cluj, num regresso recheado de peripécias à Transilvânia, a mítica região natal do Conde Drácula.
Em Portugal, só conseguiria o mesmo no Benfica, FC Porto e Sporting?
-Ganhar três Taças e um campeonato só estará, de facto, ao alcance de um dos três grandes em Portugal. O Cluj atravessa uma das fases mais negras da sua história em termos financeiros, mas não deixa de ser um clube grande na Roménia. É o clube que mais títulos conquistou nos últimos dez anos, mas foi muito mais difícil salvar o Cluj da descida de divisão do que ganhar a Taça. Entrámos num play-out muito complicando, defrontando equipas que se reforçaram bem no mercado de inverno. Se tivéssemos descido de divisão, os problemas seriam maiores e, mesmo assim, não poderemos participar na Liga Europa por causa do fair play financeiro.
Como foi ganhar ao Dínamo na final da Taça?
-Jogámos num ambiente fantástico, com o estádio cheio de adeptos do Dínamo. A nossa representação era mínima e jogámos de igual para igual contra a equipa favorita, acabando por vencer.
Em maio, a polícia romena efetuou buscas à sede do Cluj por suspeitas de evasão fiscal e branqueamento de capitais. Como reagiu o grupo?
-A equipa passou por várias situações difíceis. Logo no começo do campeonato perdemos dois pontos na secretaria, e depois mais quatro; caso contrário, poderíamos ter disputado o play-off do título. Depois aconteceram essas buscas. Tudo isso deixou os profissionais muito apreensivos. Começámos logo a pensar: "O que vai ser de nós?" E o mais caricato é que a polícia procedeu a essas buscas logo após a conquista da Taça da Roménia, depois de uma noite gloriosa - foi um choque tremendo. O presidente ficou inibido de exercer funções durante 30 dias e o Cluj passou a ser gerido por um administrador judicial, nomeado pelo tribunal.
Por que razão deixou o Cluj?
-Quando regressei de férias, em meados de junho, percebi que não havia condições para trabalhar. O Cluj continua a ser gerido por um administrador judicial e não arranjou forma de contratar quatro jogadores fundamentais para atacarmos os primeiros lugares. Resolvi por isso deixar o comando da equipa e já nem assinei a renovação do contrato.
Considera-se o Mourinho da Roménia?
-Não. [risos] Nem quero ser alvo desse tipo de comparações. Quando era treinador do Brasov, cheguei a ser conotado com o tiki-taka por causa do tipo de futebol vistoso que a equipa praticava. Jogávamos sem ponta de lança, tal como o Barcelona, e, de facto, os jogadores combinavam muito bem, de primeira; era só tocar. Dava gosto ver aquela equipa a jogar e o Cluj chegou a fazer jogos muito bons, dentro dessa filosofia.