
Carlos Carvalhal revela a O JOGO que não saiu para a Premier League porque se sente bem onde está. O Sheffield Wednesday defronta, esta quarta-feira, o Benfica.
O reconhecimento da qualidade dos treinadores portugueses em Inglaterra não se cinge a José Mourinho e tal foi bem notório, ontem, no parque em frente ao Estádio de Hillsborough, em Sheffield. Num dia dedicado ao contacto direto entre adeptos do Wednesday, jogadores e técnicos, Carlos Carvalhal foi tratado como um ídolo. E mesmo com os seus atletas ao lado, entre eles os portugueses que ali jogam - José Semedo, Filipe Melo, Marco Matias e Lucas João -, foi o homem nascido em Braga a figura do "Owls in the Park", que se pode traduzir por "corujas no parque", sendo esta ave o símbolo do clube.
Tom Doncaster, jovem na casa dos 20 anos, foi um das centenas que compareceram no evento e que muito orgulho mostrou pelo treinador português, que apenas não levou o Wednesday na época passada à Premier League porque não venceu o play-off de acesso. "Estive no jogo final e acredito que este ano subiremos. Carvalhal é um grande treinador, o nosso Mourinho", disse, a O JOGO, este jovem que trabalha num restaurante de fast food e que, à conta da admiração por Carlos Carvalhal, diz já pensar numas férias para conhecer Portugal. Tom, que levou vestida uma camisola de homenagem a Carvalhal, assim como uma capa de telemóvel mandada fazer com uma frase de incentivo, é apenas um dos "conquistados" pelo português. "A nossa equipa fez um excelente campeonato e praticou bom futebol, algo que as pessoas valorizam muito aqui. Hoje, as pessoas que vão ver o Sheffield Wednesday sabem que assistirão a bom futebol. Diria que as pessoas estão encantadas", refere o antigo treinador de Sporting, Besiktas, Braga e Belenenses, entre outros. Sempre de caneta na mão a dar autógrafos a uma multidão incessante, Carlos Carvalhal modera as expectativas de subida à Premier League, tantos são os fatores que, segundo enumera, contra si jogam. "Na época passada podíamos ter subido, fomos ao play-off, mas isso não significa que somos melhores que as equipas que ficaram à nossa frente. No próximo campeonato, há três hiperfavoritos, os que desceram de divisão - Aston Villa, Newcastle e Norwich -, até porque a liga inglesa lhes dá 25 milhões de libras; depois há as equipas que ficaram à nossa frente e que melhoraram as suas estruturas, assim como mais duas ou três que de repente podem mudar de investidor e fazer uma equipa muito forte. Talvez Wolves, Fulham e Leeds também estejam muito fortes e uma liga de 24 equipas onde 20 querem subir é uma maratona", alerta o técnico.
O trabalho feito por Carlos Carvalhal e restante equipa técnica durante a sua primeira época no Sheffield Wednesday não passou despercebido aos clubes do primeiro escalão britânico. Chegou-se a falar do interesse do Everton, nome que o técnico não confirma, mas ele próprio também não esconde que andou nas bocas de alguns emblemas de topo. "Tive conversações diretas com duas equipas da Premier League, mas sentir que tenho adeptos que cantam o meu nome, que há jogadores em sintonia com o nosso futebol e estar num clube onde quase sou idolatrado fez com que não sentisse vontade nenhuma de o deixar. Mais do que o dinheiro e o prestígio, quero é ter o gozo de treinar. E aqui sou feliz", assegurou ainda o treinador português do Sheffield Wednesday.
