Tomás Araújo, um central "frio e 'clean'": "A porta do Benfica abriu-se e não foi por acaso"
Com espaço para mostrar-se a Jorge Jesus, face à ausência de Lucas Veríssimo, o defesa de 19 anos "joga mais na antecipação" do que o camisola 4 ou Otamendi, que procuram "mais o duelo"<br/>
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Chamado para o eixo defensivo face à lesão de Lucas Veríssimo, Tomás Araújo vai agora estar sob avaliação de Jorge Jesus, às ordens do qual já realizou a pré-época. Com 1078 minutos, entre bês, sub-23 e sub-19 (na Youth League), o central vai procurar ganhar um espaço com a sua "descontração", como assegura a O JOGO Jorge Maciel, que o orientou na formação das águias.
"Vive o facto de estar pressionado pelos avançados e o perigo para a sua baliza com alguma frieza", sublinha o treinador-adjunto do Lille, atual campeão francês.
A lutar a partir de agora pela vaga em aberto, o jovem tem, porém, um "perfil diferente" do internacional canarinho. "O Lucas Veríssimo procura muito mais o duelo e o contacto, o Tomás joga mais na antecipação. O Otamendi também é mais agressivo, mas tem menos capacidade no controlo da profundidade. Já o Tomás é um jogador que tem capacidade de jogar alto. Joga limpo e evita muitas vezes o choque. Não é um jogador bruto e que gosta de marcar posição num primeiro momento, é um central mais "clean", joga mais na antecipação", explica, considerando que o jovem "está num ponto de maturação muito bom para poder jogar na I Liga", mas agora é preciso ver como reage ao desafio: "Vai ser uma questão de consistência, de conseguir mantê-la."
Apontado como grande promessa de uma escola que tem como ponto alto recente Rúben Dias, Tomás Araújo é, contudo, diferente do capitão do Manchester City. "Destacava-se mais dentro de campo do que fora. Era mais pelo que fazia e pela capacidade de resolver os problemas do que pela capacidade de comandar uma linha defensiva. Isso é algo que poderá ganhar. Esse é um dos aspetos que pode evoluir, ser um líder", defende Maciel.
"Jogava nos sub-19 com o Alexandre Penetra, que está no Famalicão, que tinha uma capacidade enorme de comandar uma linha defensiva, e isso é algo que o Tomás pode desenvolver. Um líder, um patrão, como Otamendi, Morato, gente que fala muito, e do Fonte, aqui no Lille, que vive muito de antecipar problemas. E isso não é só resolver os seus, é ter a capacidade de comunicar com os outros para que antes de as coisas acontecerem coordenarem quatro ou cinco jogadores", afirma o antigo técnico dos sub-23 do Benfica, falando de um jogador talhado para a exigência: "Para um grande clube, que joga no meio-campo adversário, é um jogador que dá garantias. Consegue aguentar uma linha defensiva alta e não tem medo disso. Tem capacidade de jogar alto e vai buscar jogadores em profundidade."
"A porta do Benfica abriu-se e não foi por acaso. Marca quem o vê, como no início da época, em que se mostrou a Jorge Jesus. É um defesa para... defender, não complica, joga simples e é sóbrio. Tem capacidade para ir ao duelo, para antecipar, controlar a profundidade e ir ao corredor. São coisas naturais para ele e que os grandes procuram", frisa, falando de um jogador "forte na bola parada ofensiva e que marca golos", o que é "diferenciador". "Agora é preciso dar-lhe conforto e margem", afirma.
Morato ao nível do investimento e logo com passes "à profissional"
Solução imediata, Morato, que já leva 942", é também bem conhecido de Jorge Maciel, impressionado logo à partida. "É muito forte na capacidade de desarmar logo com passe e rompe linhas. Foi das capacidades que saltaram à vista quando o vimos. Pensámos: "Este miúdo faz passes à profissional, a bola sai com velocidade"", frisa, garantindo que a sua caminhada "não surpreende, até pelo investimento do clube".
"A afirmação tem sido consistente, estável e tem cumprido. Vinha com "pedigree" e tem um potencial enorme para se afirmar num nível como o Benfica, até pela forma como treina e pelo rigor que tem. É um profissional autêntico, sabe as expectativas que o clube tem e sabe por que veio", frisa.