"Situação do Aves é inqualificável e impossível de existir em qualquer ponto do mundo"
Guilherme Aguiar, antigo diretor-executivo da Liga, fala em "falta de fiscalização".
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O antigo diretor-executivo da Liga, José Guilherme Aguiar, considera que a "situação inqualificável" do Aves resulta da ausência de fiscalização às sociedades desportivas.
"A situação que se passa com o Aves é inqualificável e impossível de existir em qualquer ponto do mundo", referiu o antigo dirigente da Liga, até junho de 2002, aludindo às eventuais faltas de comparência do emblema de Santo Tirso nas últimas duas jornadas do campeonato.
Em declarações à agência Lusa, Guilherme Aguiar reconheceu que esta questão resulta de "falta de fiscalização", nomeadamente sobre os investidores das Sociedades Anónimas Desportivas, mas também sobre as garantias que estas apresentam para a inscrição na competição.
"O Regulamento de Competições da Liga deve considerar as garantias das posses que estas dizem que têm. É exigido um orçamento equilibrado, que qualquer um faz, mas as receitas de transferências têm de ser extraordinárias e não ordinárias, porque são imprevisíveis e dependem de terceiros. Qual é a garantia que estas receitas se vão verificar?", questionou.
Guilherme Aguiar sublinhou que possíveis faltas de comparência "vão por em causa a verdade desportiva e a integridade da competição, em mais uma situação em que a LPFP está inoperante", nomeadamente na ausência de um regulador, da fiscalização da identidade dos investidores e das garantias para o pagamento de salários.
"Estas situações não se verificam porque nem constam dos regulamentos", lamentou Guilherme Aguiar, dando ainda conta da impossibilidade de atuação do clube que deu origem à SAD, apesar de deter 10% desta sociedade.
"A participação de 10% é uma regra do regime jurídicos das sociedades desportivas. O clube fundador tem uma atuação muito limitada e não pode, nem deve, intervir na ação desta, porque a SAD tem o capital que o clube entendeu disponibilizar", explicou.