Se Marchesín não for batido em Paços de Ferreira, o FC Porto chega aos quatro jogos seguidos sem sofrer golos, algo que nunca aconteceu esta temporada. E tudo com muita rotação
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O regresso do campeonato, após a paragem motivada pela pandemia da Covid-19, trouxe um FC Porto mais consistente no setor defensivo e a prova disso é que, apesar da derrota com o Famalicão (1-2) na primeira jornada da "retoma", a formação portista passou a ter a defesa menos batida da prova, com 18 golos contra os 21 do Benfica.
Dragões sofreram apenas dois golos após o regresso, em Famalicão, e passaram a ter a defesa menos batida do campeonato
Antes da interrupção, os encarnados tinham apenas 14 encaixados e os dragões 16. Aliás, estes dois golos que permitiu à formação minhota foram mesmo os únicos que sofreu nas quatro rondas que se realizaram nesta fase. E este é um registo que mais nenhuma equipa tem. Pedro Gonçalves foi o último a bater Marchesín, que a partir daí somou mais três "folhas limpas" no currículo [são já 15 neste campeonato], o que ajudou o FC Porto a distanciar-se do Benfica na luta pelo título.
Os encarnados, ao contrário dos portistas, têm vacilado bastante no setor mais recuado, ao ponto de apenas duas equipas - Santa Clara e V. Setúbal - terem sofrido mais do que eles nestas quatro jornadas. O Paços de Ferreira, próximo adversário dos dragões, tem cinco golos encaixados e é uma das cinco formações que sofreu golos em todos os encontros pós-retoma.
Mais interessante ainda é que o FC Porto conseguiu construir esta muralha defensiva no meio de alguma instabilidade, já que nunca usou o mesmo quarteto mais recuado, umas vezes devido a castigos, noutras apenas por opção do treinador. E não nos estamos a referir só a repetições de um jogo para o outro: nos quatro encontros apresentou sempre uma combinação distinta, apenas com os centrais a não rodarem.
Com Marcano de fora por alguns meses, Pepe e Mbemba estão de pedra e cal, mas os laterais vão variando. À direita já jogou, de início, Corona, Manafá e Tomás Esteves; na esquerda já houve Alex Telles, Manafá e Diogo Leite. Hoje, em Paços de Ferreira, é provável que Sérgio Conceição volte a mexer em relação às escolhas que fez com o Boavista, apostando no quarteto que defrontou o Marítimo: Manafá-Mbemba-Pepe-Alex Telles.
Por três vezes, contando com esta, o FC Porto esteve três jogos seguidos sem sofrer golos esta época, contabilizando todas as competições. E se olharmos apenas para o campeonato, também nunca foi além das três jornadas sem a baliza violada. O melhor registo acabam por ser os 363 minutos sem sofrer ocorridos entre o golos encaixados com o Marítimo (9ª jornada) e o Belenenses (13ª jornada).
Desde a retoma, o FC Porto está com 282 minutos sem deixar os adversários festejarem, o que significa que se aguentarem pelo menos 82 minutos na Mata Real conseguirão superar a marca.
Uma imagem de Sérgio Conceição
É evidente que nem sempre isso acontece, mas a verdade é que o "domínio" defensivo do FC Porto neste milénio é claro e também prevaleceu em alguns dos anos nos quais o FC Porto não foi campeão. É o caso da época anterior, na qual Sérgio Conceição só se pode queixar do desacerto do ataque. Os dragões sofreram menos 11 golos do que o Benfica, mas marcaram menos 29.
Agora a relação está equilibrada: o Benfica continua a marcar mais (+3) e o FC Porto a sofrer menos (-3), o que dá uma diferença de golos igual (+38). Esse é um possível critério de desempate mas que em caso de igualdade não será usado no final da Liga: o campeão seria o FC Porto, porque venceu os dois jogos entre ambos. Já agora, em 2017/18, também com Conceição, a melhor defesa foi a portista.