ENTREVISTA, PARTE II - Gestor pormenoriza a O JOGO a estratégia de liderança do Sporting caso seja presidente. Prioriza a recompra das VMOC e a maioria da SAD, abrindo a porta a investidores estrangeiros no futuro.
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Ricardo Oliveira é candidato à presidência do Sporting e a O JOGO concedeu uma entrevista, na qual assinala a estratégia financeira para o futuro dos leões.
A recompra das VMOC é, para si, impreterível?
-Sou completamente contra que o Sporting deixe de controlar as ações da SAD. Seria um atestado de incompetência aos sportinguistas, que não souberam gerir e que tiveram de vender o património.
Falou num fosso para os outros grandes. O que falta ao Sporting para lá chegar?
-O Benfica preparou-se e valorizou a sua marca. Sabemos que o adepto do Sporting tem uma massa salarial superior, que guia um carro de maior cilindrada, ou seja tem maior poder de compra. No entanto, o adepto do Benfica gasta muito mais dinheiro com a marca do que os sportinguistas. O Sporting ganha pouco dinheiro fora do futebol. Basta ver as vendas nas lojas, a marca Sporting, a rentabilização das instituições desportivas em relação aos outros adversários.
O Sporting tem contraído vários empréstimos obrigacionistas. Concorda com essa solução?
-O Sporting transformou dívida a longo prazo a juro baixo em dívida a curto prazo a juro alto, o que não cabe na cabeça de ninguém. As soluções desesperantes são sempre más. Se conseguirmos trazer uma instituição que consiga dar dinheiro suficiente para fazer face às dívidas, isso permite pagar os empréstimos obrigacionistas, lembrando que as receitas da NOS já vão três anos à frente. É preciso investir para criar valor e não vejo esse investimento.
Ter um investidor privado é uma solução?
-Vamos ter a maioria da SAD. Se o Sporting comprar as VMOC amanhã, fica com 88% das ações. Não precisamos de ser donos de 88%. Se passarmos a tê-las, podemos vender 30% e os sócios têm a palavra final na SAD. Podemos ter parceiros internacionais identificados, competentes no futebol, fazendo tudo de forma clara. Tenho pessoas interessadas no Sporting, mas só se houver uma gestão que dê confiança. Os sócios foram mais uma vez salvar o Sporting porque o clube não se consegue financiar na banca por falta de garantias. Os sócios acreditaram que aquele valor vai ser pago. O mercado não tem confiança no Sporting para ter um baixo risco de financiamento.
Qual a maior crítica que faz a Frederico Varandas?
-Não me candidato contra ninguém. Não estamos para achincalhar nem para contribuir para a desunião. Não é com ataques internos que o clube fica mais forte. É tempo de enterrar machados. Isso foi falado no início desta Direção e não foi conseguido.
Sente que os adeptos foram perseguidos?
-Essa palavra é forte. Quero falar no futuro: todos são bem-vindos e todos têm os mesmos direitos. Desde que cumpram as regras e as leis, todos fazem falta e devem voltar. Há espaço para todos.
Luta com um presidente campeão. Está confiante?
-Acredito que os sportinguistas saberão escolher o melhor projeto e não tenho a menor dúvida que tenho o melhor projeto para o Sporting.
"Prémios desportivos não são dos gestores"
Ricardo Oliveira mostra revolta com os bónus obtidos pela Direção pelo sucesso desportivo: "Numa AG da SAD, o Conselho Diretivo fez uma proposta para ganhar prémios de desempenho. Foram juízes em causa própria. Não faz sentido os gestores do Sporting ganharem prémios pelos resultados desportivos. As equipas de gestão devem ser avaliadas pelos resultados financeiros. Quando são negativo parece-me mal que recebam prémios. Podem aprovar sozinhos, neste momento, ganhar o triplo".