
Magazine Benfica: a Champions, a hipoteca e a formação
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A semana benfiquista ficou marcada na totalidade pelo desaire na Liga dos Campeões
A semana benfiquista ficou marcada na totalidade pelo desaire na Liga dos Campeões e respetivas consequências, tanto no futuro do Benfica na prova como da aposta em jovens para o futuro do emblema da águia. A formação vale milhões na Luz, mas ainda está em fase crescimento. Bruno Lage defendeu assim aquele que tem sido o discurso de Luís Filipe Vieira
O maldito top-5 da Europa
O Benfica arrancou a semana com o Liga dos Campeões no horizonte e, com maior ou menor graduação ocular, mantendo o objetivo de manter abertas as portas dos oitavos de final da competição. Porém, alguns indicadores deixavam já antever que nem tudo iria correr, como não correu, na visita ao território do Lyon. Bruno Lage lamentou que as inimigas lesões não lhe tenham permitido manter apostas mais consistentes e reconheceu que "numa competição tão curta quem perde os dois primeiros jogos não tem possibilidade de perder mais pontos". O objetivo passava então, claramente, pelo triunfo frente a um dos maiores emblemas do futebol francês. Contudo, frente a equipas dos cinco principais campeonatos, o Benfica tem um hábito que lhe tolhe a ambição, pois a derrota é o resultado mais habitual nesta espécie de pesadelo em forma de estatística.
Espião no feminino dá a tática
O objetivo e único caminho do Benfica no que resta da Liga dos Campeões passava por vencer em Lyon, precisamente a única equipa que baqueou ante os encarnados (2-1 na Luz). As observações foram feitas, muitos acreditavam e nesse lote, da fé e a "espionagem", estava alguém especial que até joga com as cores do rival gaulês. Jéssica Silva, avançada portuguesa, benfiquista assumida, joga pelo Lyon, até deu a tática: "assumir o jogo e entrar a matar". A internacional lusa, que ficou a torcer à distância (estava em Portugal), desculpou Anthony Lopes, o guardião luso-francês do Lyon, pela falha em Lisboa que deu a vitória às águias, lembrando que tem levado a equipa "às costas", acreditando que se iria apresentar de cabeça limpa num jogo em que haveria um sentimento de vingança.
Lyon deixa a águia ferida
Cumpridos os preliminares, arrancou a contenda que rapidamente terminou. O Lyon marcou aos 4' (Andersen) e aos 33' (Depay) e pelo meio as águias perderam Ferro e acusaram a juventude e falta de experiência de um onze com cinco titulares que estavam na II Liga há ano e meio e mais um jogador que alinhava pelos sub-17, como constatou José Manuel Ribeiro. Já com Pizzi em campo, Seferovic ainda reanimou a equipa (76'), mas novo erro fechou as contas (89'), confirmando a derrota daquele que foi o onze mais jovem lançado na jornada da Liga dos Campeões e o segundo com menor rodagem europeia. Confirmou-se assim uma derrota que correu mundo e que deixou a águias com dificuldades extremas nas contas de somar. O passaporte para os "oitavos" está a fugir à águia, obrigada a vencer as duas últimas partidas e esperar por ajuda alheia.
Lage defende Seixal europeu
Antes de ocupar o seu lugar no assento do avião para voltar a Lisboa, Bruno Lage experimentou a cadeira da sala de Imprensa do Parc OL para reconhecer que a ambição encarnada passava por "fazer uma competição diferente" e, questionado sobre a próxima janela de mercado e a formação nesse prato da balança, referiu que há que olhar para dentro antes de pescar fora, mas com a necessidade clara de "aumentar a competitividade e a competência" do plantel, numa referência ao mercado analisada por Manuel Queiroz. Várias vozes se levantaram nos comentários sobre a falta de dimensão europeia do Benfica e a consequência da aposta na formação, tendo o antigo médio das águias Petit a considerar que "o plantel é curto" e que a aposta nos jovens não chega. Porém, o técnico do Benfica puxou do discurso habitual do presidente Luís Filipe Vieira para defender a aposta na formação. E explicou o caminho: dar tempo aos jovens, segurá-los, deixá-los crescer.
