Apesar de a eliminação das competições europeias ter sido dura, adeptos vitorianos pedem uma resposta à altura já no arranque da I Liga. Para José João Torrinha, cronista de O JOGO, é importante ver o desaire como "uma lição" e não como um "peso". Já os antigos jogadores Costeado e Carvalho apontam setores a retocar.
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Terminou, de forma precoce, a presença do V. Guimarães nas competições europeias. Depois da vitória na Eslovénia (4-3), a equipa de Moreno foi surpreendida, em casa, com uma derrota, por 1-0, que culminou com a eliminação no desempate por grandes penalidades. O desfecho foi inesperado e a derrota caiu como uma bomba no Estádio D. Afonso Henriques, com a desilusão a pairar no rosto de todos, desde as bancadas ao relvado.
Agora, os adeptos inquiridos por O JOGO consideram fundamental recuperar o aspeto psicológico e preparar da melhor forma o arranque do campeonato.
"Neste momento, há um trabalho importante a fazer, que é incutir no grupo que foi um desaire duro - que custou muito a todos -, mas que não pode condicionar a época. Por muito complicado que tenha sido - porque foi -, temos de tirar ilações do que correu mal e perceber que isto tem de funcionar como uma lição para o resto do campeonato e não como um peso", começou por dizer José João Torrinha, cronista do nosso jornal, analisando, ainda, as questões do mercado. "Acho que obviamente tem de haver ajustes, não muitos, mas que sejam essenciais. Primeiro de tudo tem de se perceber a tática que o Vitória vai usar para perceber o que é preciso mudar", alertou.
O pensamento é corroborado por Costeado, antigo jogador do Vitória, que, apesar de reconhecer que este desfecho pode deixar marcas, mantém a confiança na equipa. "Um jogo destes, que ditou a eliminação das provas europeias, deixa marcas, mas estou convencido de que o grupo do Vitória, que é quase o mesmo da última época, irá ultrapassar este desaire", atirou, alertando para a necessidade de encontrar mais soluções. "Acho que ainda existirão muitas saídas e entradas. Seguramente os técnicos e a direção sabem daquilo que precisam, mas podem ir buscar mais um elemento. O Vitória precisa de arranjar um homem-golo", constatou.
Sem fugir às questões do mercado, Carvalho, também ex-jogador do Vitória, falou da importância de encontrar mais opções para o meio-campo. "São precisos reforços que consigam roubar a bola, entregar bem e reagir bem à perda. São precisos dois jogadores com essas características. E, claro, se venderem o André Amaro, tem de se ir buscar outro central", explicou, mantendo a convicção de que Ricardo Mangas e Telmo Arcanjo, lesionados, podem ser duas "mais-valias".
Vitória entra em lista restrita
No historial das eliminatórias das competições europeias, as equipas portugueses foram afastadas em sete ocasiões depois de terem vencido o jogo da primeira mão. Aconteceu agora com os vitorianos, que venceram na Eslovénia, mas já tinha acontecido anteriormente com o Benfica (1969), Sporting (1992 e 2005), FC Porto (1995 e 2019) e Braga (2013). Outro dado negativo - e este pode, eventualmente, ter um impacto maior -, é que, no top-10 do Ranking da UEFA, apenas Portugal perdeu uma equipa nas fases preliminares.
Costeado, ex-jogador do Vitória
"A eliminação das competições europeias pode deixar alguma mossa, é verdade, mas ainda faltam alguns dias para o campeonato começar. Neste momento é importante trabalhar e não pôr em causa uma época. As coisas aconteceram, agora é preciso estudar o que fazer. No plantel há elementos novos, outros que ainda não estão em forma, nem estão adaptados. A massa associativa e os vimaranenses têm de acreditar na estrutura e na equipa técnica".
Carvalho, ex-jogador do V. Guimarães
"Faltou deixar jogar e, na hora certa, pressionar o portador da bola adversária. Isso refletiu-se no jogo. Também temos de dar mérito ao adversário, mas o Vitória errou e tem capacidade para muito mais. Depois da exibição da primeira mão, ninguém acreditava que houvesse este descalabro e, do ponto de vista financeiro, nem se fala, até porque o clube estava a recuperar bem e era mais algum dinheiro. Mas, agora, é continuar para a frente."
José João Torrinha, cronista de O JOGO
"Penso que, acima de tudo, falhou o espírito com que se entrou em campo. Entrou-se com uma ideia de querer controlar o jogo e de gerir a vantagem. Não sei se isso foi voluntário ou não, mas foi o grande pecado. Devíamos ter entrado a matar, para matar a eliminatória. O Vitória entrou demasiado expectante e, à medida que os minutos foram passando, a pressão foi aumentando e a equipa cedendo. Depois o Celje marcou e isso desorientou por completo a equipa."