António Carvalho, figura histórica do Vitória (178 jogos) mostra-se preocupado com a dimensão competitiva da equipa a partir das vendas de Bamba e Amaro. Pede intervenção rápida e mais centrais.
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O Vitória tem fechada a operação de André Amaro para os cataris do Al Rayyan. O jovem defesa-central, de 20 anos, despede-se da cidade berço com 55 jogos, após ter chegado com 16 anos para jogar nos sub-17.
O impacto foi fortíssimo e o destaque ganho na primeira equipa rendeu encaixe de 8,5 milhões, mais 1,5 em variáveis.
O defesa tinha denunciado o seu adeus no final do jogo com Celje e os detalhes que faltavam limar foram ultrapassados, tendo Amaro deixado de estar às ordens de Moreno e com autorização de seguir viagem para o Catar, onde se junta à equipa de Leonardo Jardim, que acabou de regressar à base após estágio na Áustria. O central, já com um par de dias em solo catari, constituiu desejo expresso do madeirense e pode começar a treinar-se no Al Rayyan com expectativas de competir na Liga catari, destino igual ao do seu promissor companheiro de setor em Guimarães, Ibrahima Bamba, reforço do Al Duhail.
Sem Bamba (35 jogos em 2022/23) e Amaro (32) desmorona-se a estrutura defensiva desenhada a três, com o experiente Villanueva a sobrar no meio destas perdas. É com Jorge Fernandes, Tounkara, Manu Silva ou o reforço Tomás Ribeiro que o Vitória terá, nesta fase, de procurar evitar dissabores, quando já falta pouco para o contacto oficial com as contas da Liga, na Reboleira. No que são os lucros das transferências, parece haver margem para o Vitória investir. António Carvalho, figura histórica dos conquistadores, reclama um esforço suplementar. "Sou da opinião que são precisos dois centrais, vejo o Vitória a sofrer um bocado. O Tounkara ainda é curto e o Villanueva ficará sem os seus parceiros. Serão precisas novas rotinas para se manter o 3X5X2 ou 3X4X3", alerta, pedindo ação rápida.
"Os alicerces de uma equipa estão na defesa, dois bons centrais são meio caminho andado para as coisas correrem bem. Vejo uma preocupação acrescida para o Moreno. Para o Vitória chegar ao 5.º lugar, só a mística não chega. Se recebeu bom dinheiro deve ir buscar bons jogadores, de preferência jovens. Foi-se uma estrutura bem articulada entre o Villanueva, que saía a jogar, o Bamba, que cortava a profundidade, e o André Amaro, que era imperial no jogo aéreo. Isto tem de ser compensado, o dinheiro não pode ser só para pagar dívidas", frisa, desejando ver o plantel fortalecido e potenciado para dar uma imagem mais airosa. "Não gostei nada do que vi na Liga Conferência. Os sócios do Vitória ficaram abismados. É preciso estar tudo em sintonia, são necessários jogadores de mais qualidade e competentes", avisa. Refira-se que Bamba e Amaro só ficam atrás de Tapsoba entre os mais bem vendidos do Vitória. Todos centrais.
"Moreno já imaginava o risco"
Pedro Costa, ex-Santa Eulália, agora sem clube, foi o primeiro técnico de Amaro em Guimarães, após este chegar da Académica para os sub-17. "Foi um dos grandes pilares do Vitória, surgiram as chamadas aos sub-21 e tudo o valorizou. Foi uma evolução natural, feita de rendimento, era um ativo que podia ser rentabilizado", disse. "Os próximos meses vão dizer-nos o alcance da valorização neste mercado. Penso que era algo pensado pelo Vitória e o Moreno já imaginava esse risco. Estou convicto de que o clube tem soluções em mente".