Castro: "O João Moutinho, dentro do campo, é a pessoa mais inteligente que conheci"
Castro, médio de 35 anos que renovou há dias pelo Braga - o contrato é agora válido até 2024 -, foi o convidado desta semana do "Perfil Guerreiro", programa da Next TV, o canal do clube arsenalista
Corpo do artigo
Amizades no futebol: "O futebol deu-me muito bons amigos, o Raúl Meireles, o João Moutinho, o Rui Pedro, o Ukra... Com o Raúl também estive na Turquia, foi como um irmão para mim, a amizade com o Moutinho é para a vida, sou padrinho do filho dele, ele do meu casamento. Embora ele fosse da minha posição e eu quisesse jogar no lugar dele, éramos muito chegados. Fiz amigos para a vida toda."
No futuro gostava de ser treinador. Vai ser adjunto e João Moutinho [grande amigo] o principal? "Vemos o futebol de uma maneira parecida, pela forma como entendemos o futebol e as outras equipas. E às vezes falamos quando nos juntarmos é que vai ser. O João Moutinho, dentro do campo, é a pessoa mais inteligente que eu conheci, vai ao detalhe, e acho que ele vai ter futuro como treinador.
Tem alguma máxima de vida, algum lema?: "No futebol é dar o melhor e na vida é tentar ser feliz. Não consigo ser feliz nas 24 horas do meu dia, e nos momentos em que estou triste tento pensar no que me faz feliz. Quero muito ser feliz, fazer coisas boas e ser justo com as pessoas que me rodeiam. Para mim, isso é inegociável. Procuro ser justo para todos, seja no meiinho, num jogo, em casa, com os meus filhos, mas quero tentar ser justo para toda a gente."
O que é que o futebol ensinou sobre a vida?: "O futebol vai estar sempre ligado à minha vida. Não me lembro da minha vida sem o futebol. Mesmo que não tenha treino eu treino na mesma, porque penso que há sempre alguma coisa a melhorar.
Boa disposição: "Vem de mim mesmo, não é algo forçado. É um estado de espírito em que, quando estou feliz, nota-se facilmente. Acho que sempre fui assim, ou seja, desde pequenino que quando faço algo que gosto e quando estou com pessoas de quem gosto se nota facilmente."
Carinho dos adeptos: "Deve-se ao que o clube representa e as minhas características enquadram-se perfeitamente no que é o Braga, um clube que está a fazer trabalho espetacular, clube de boas pessoas e um clube faz-se das pessoas. Aqui estamos rodeados de boas pessoas e pessoas que querem ser melhores e eu nisso enquadro-me perfeitamente."
Demonstração de carinho dos adeptos: "Sinto muito, tanto nas redes sociais como no estádio ou quando passeio em Braga. As pessoas gostam de mim e abordam-me quase como se me conhecessem há muito tempo, até penso: olha, se calhar já nos vimos em algum lado e eu é que não me lembro."
Como era em criança
"Era traquina, sempre com bola nos pés e muito chegado aos meus pais, como é normal, até não queria ir para a escola, porque queria era estar à beira da minha mãe e ninguém me aturava. Fui dois ou três dias ao infantário, uma senhora tentou ficar comigo dois dias e foi entregar-me à confeitaria dos meus pais e disse: impossível ficar com ele. Eu ficava bem na confeitaria dos meus pais e à beira da minha mãe. Ela diz que quando eu chorava com dois anos, não me punha a ver desenhos animados, mas sim um jogo de futebol, era melhor que desenhos animados. Ou seja, é amor que tenho desde sempre. Eu para jogar à bola, passava horas a chutar contra uma parede, numa paredezinha que parecia gigante na altura e agora passo por ela e é tão pequenina que não sei como acertava com a bola."
Primeiras memórias, em duas equipas aos 7 anos: "Desde pequeno queria muito jogar, hoje é muito mais fácil um miúdo de 4 ou 5 anos jogar, na altura era mais a partir dos 9 ou 10. Eu com 7 já queria jogar com os mais velhos, e então um senhor amigo do meu pai, que era treinador, disse que ia levar-me que parecia ter jeito, levou-me mas não me metia a jogar porque tinha medo que me aleijassem. O meu pai dizia para ele não ter medo de me pôr a jogar, eu desenrasco-me. Então comecei a jogar com esses rapazes mais velhos e as coisas correram muito bem."
Ser jogador: "Nunca imaginei outro cenário. Com 9 anos jogava no Gondomar, com 11 fui para o Porto, nunca fui o melhor jogador da equipa, mas foi como se o caminho se fosse fazendo sem ter de pensar muito no que ia acontecer, as coisas iam acontecendo sem pensar no futuro e fazendo simplesmente o melhor no presente. Os meus pais sempre me apoiaram no futebol, eles próprios diziam, quando chegava do treino com 13 ou 14 anos, jantava às 9 da noite e ainda ia estudar. Eu meti sempre muita pressão em mim mesmo e os meus pais retiravam essa pressão. Sempre tive apoio espetacular deles."
Ligação ao FC Porto, onde se formou e fez 34 jogos como profissional: "Claro que não escondo. Falar de mim era impossível não falar do FC Porto, tantos anos que passei lá e tantas coisas que conquistei, tenho muitas ligações ao clube mesmo em família, o meu tio Miguel Castro jogava no Porto, infelizmente morreu aos 19 anos com cancro. Chamam-me Castro em homenagem a ele, porque eu era André e o último nome era Pereira, pedi para me chamarem Castro por causa dele. É o clube da minha família. Depois o Braga aparece quando queria muito voltar a Portugal, voltar para Portugal quando soube que Sp. Braga podia estar interessado foi algo que quis muito e a partir desse momento tem sido algo muito crescente. Não estou há muitos anos aqui, mas sinto que estou há imensos anos."
Estreia com Jesualdo Ferreira , na equipa sénior do FC Porto: "O futebol agora está diferente, mas na altura, há seis ou sete anos, não subia um jogador de júnior para sénior no FC Porto. Era algo que antigamente não havia, este projeto de trazer jogadores das camadas jovens... Eu ter feito isso foi difícil, mas foi muito bom para mim subir diretamente num clube destes dos juniores para os seniores".
16545885
16545411