Castro fala do autismo: "Pensamos que vai ser jogador de futebol, eu só preciso que o meu filho diga pai, ou mãe"
As revelações de Castro, médio de 35 anos, no "Perfil Guerreiro", programa da Next TV, o canal do clube arsenalista
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Porquê voltar a Portugal? "A minha mulher é a força da família, nunca hesitou e sempre me acompanhou em tudo. Houve um dia em que me perguntou o que fazia falta para voltarmos para casa. Senti pela primeira vez que ela estava em dificuldade, não é fácil ter um filho especial, ela faz mil e uma coisas para estar toda a gente bem. Liguei ao meu empresário e comentei com o Rui Fonte que queria voltar a Portugal. Lembro-me de tudo naquele dia, era meia-noite na Turquia, o Rui recuperava de lesão, ele disse a brincar que "Falo já com o Salvador", mas não foi a brincar e pelos vistos falou mesmo. Senti que sem ele não estaria aqui agora. Foi por questões familiares que decidi voltar."
É importante falar de autismo? "Sim, sempre importante. É algo que aqui em Portugal cada vez mais se dá a conhecer, é perceber a pureza dessas crianças e aprender com elas e que os pais se calhar precisam de alguma ajuda. Parece que estão a fazer pouco mas estão a fazer muito, sinto que em Portugal não há apoio nem sistema preparado para ajudar pais com filhos com algumas dificuldades. Não somos todos iguais, os pais têm de estar preparados, há coisas que não são fáceis. Nós desde os dois anos do Miguel começámos a perceber que era diferente. Vivemos para ele e tentamos ajudar da melhor maneira. Até nisso podia ser melhor voltar a Portugal, idade escolar, apoio dos avós, tudo era importante."
De que forma nascimento do Miguel vos transformou? "O primeiro filho muda tudo. Depois quando percebemos que tem necessidades especiais, temos de baixar as nossas expectativas. Nós normalmente pensamos que vai ser jogador de futebol, que vai ser o melhor em matemática, eu só preciso que o meu filho diga pai, ou mãe, será que ele se tiver uma dor consegue dizer que a tem? O Miguel é incrível, é lindo para começar, é parecido comigo mas mais lindo, ele ensina-me todos os dias. É valorizar tudo, não faz nada com interesse, se me dá um abraço não está a pensar num chocolate. A experiência é única, ser um pai presente para ele é a maior alegria da minha vida. Ele dá-nos muito e principalmente à Joana, ele e ela têm ligação única. Tenham esperança e não desistam dos vossos filhos, porque vai valer a pena."
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