Benfica em queda livre pós-Barça: encaixou o triplo dos golos e marcou quase metade
Se a defesa encarnada começou a meter água e a sofrer o triplo dos golos, também o ataque milionário deixou de carburar como vinha fazendo até ao surpreendente triunfo sobre o colosso espanhol
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Se ganhar ao Barcelona era uma trauma que o Benfica conseguiu superar com distinção, graças a um triunfo claro (3-0), os efeitos secundários que se seguiram empurraram a águia para uma queda livre que tem tido consequências muito negativas no rendimento e resultados averbados.
Depois de defrontar o colosso espanhol, os números mais palpáveis e referentes ao que decide jogos, os golos, afundaram-se nos marcados e triplicaram nos sofridos. Só ante o Bayern a conta subiu em nove tentos encaixados.
Com um arranque de temporada em alta rotação, a equipa de Jorge Jesus superou adversários a nível interno e também na qualificação para a fase de grupo da Liga dos Campeões. Aí chegou com grande andamento e, apesar do nulo registado em Kiev com o Dínamo, seguiu-se um atropelo ao Barcelona.
Resumindo, em 13 jogos, o Benfica apontou 30 golos a uma média de 2,3 por jogo e apenas sofreu cinco (0,38 por partida). O ataque, quase sempre assumido pelo tridente Darwin-Rafa-Yaremchuk, que custou 57 milhões de euros, superava obstáculos, enquanto a defesa com três centrais (Vertonghen, Otamendi e Lucas Veríssimo) dava consistência, com Vlachodimos a filtrar o restante.
O Benfica passava o Barcelona e lançava-se na corrida ao passaporte para os oitavos de final da Champions, liderava a Liga Bwin internamente, carregava sobre os adversários, mas não demorou a fraquejar. Derrota com o Portimonense, vitória no prolongamento sobre o Trofense (Taça de Portugal), desaire ante o Bayern, triunfo fora de horas em Vizela e dois empates (V. Guimarães e Estoril) antes do trambolhão em Munique.
A Liga dos Campeões ficou mais difícil e o Benfica caiu para o terceiro lugar no campeonato. A explicação mais evidente chega através dos números. Em sete jogos, a equipa encaixou o triplo dos golos (2,14 por jogo) e marcou quase metade (1,28 por partida).
A análise interna e o peso alemão
A análise dos responsáveis encarnados aponta, segundo apurámos, para a sobrecarga de minutos da base da equipa, que justifica a rotatividade imposta por Jorge Jesus em muitos encontros, e uma segunda linha que demora a carburar a um nível mais próximo da primeira. Porém, a realidade mostra que a equipa entrou numa espiral negativa, acentuada com as goleadas sofridas antes o Bayern.
Na de terça-feira, por exemplo, a máquina de Munique passou a ser a equipa que mais remates desferiu à baliza encarnada desde a primeira passagem de Jesus pelo Benfica, em 2009/10. Foram 24 tiros, que superam os 22 disparados pelo Leipzig (2-2 em 2019) e os 21 do Leverkusen (3-1 em 2014), completando um pódio totalmente germânico.