Notícias sobre o mau ambiente e desentendimentos entre jogadores e treinador são desvalorizadas pela estrutura encarnada e o futuro de Jorge Jesus continua dependente dos objetivos da época
Corpo do artigo
A crise não faz tremer Jorge Jesus, apesar dos crescentes relatos de mau relacionamento entre o treinador e vários jogadores do plantel e de a equipa atravessar um período de maior instabilidade exibicional e de resultados. Segundo O JOGO apurou, Rui Costa passa ao lado deste clima de contestação pública e continua a segurar o treinador, cujo vínculo ao Benfica é válido apenas até final da temporada.
Têm sido vários os relatos de problemas entre Jesus e alguns jogadores, estando frescos na memória dos espectadores os momentos protagonizados, e transmitidos em direto na televisão, pelo técnico com Darwin, Lucas Veríssimo, Gilberto, Meité e Gonçalo Ramos, entre outros, bem como o discurso crítico que proferiu em relação a vários atletas, como Vlachodimos, Weigl e Pizzi.
O caso de Gilberto foi muito badalado ontem pela divulgação de imagens, em Munique, com o lateral a virar-se na direção do técnico e a soltar um audível "calma, car.." e a atirar a bola com violência para fora do relvado.
Porém, e agora que o Benfica atravessa uma fase em que os resultados e as exibições caíram a pique, a questão dos atritos entre treinador e jogadores é visto na Luz, incluindo pelo próprio presidente das águias, como uma situação habitual no plantel e noutros clubes e que não influencia o trabalho diário. E até o relato em torno de Otamendi ter ameaçado pedir a transferência caso Jesus não trate com mais respeito os jogadores é encarado como ruído, sendo certo que o central argentino não abordou nenhum responsável da SAD sobre este tema.
Agastado com os desaires expressivos registados ante o Bayern e a liderança perdida do campeonato nesta fase da época, Rui Costa não coloca em causa a permanência de Jorge Jesus, não tendo o líder benfiquista abordado o futuro do treinador com nenhum elemento diretivo ou até da estrutura do futebol e nem sequer a renovação foi tema colocado em cima da mesa porque é considerado prematuro nesta altura da temporada.
Para Rui Costa, Jorge Jesus continua empenhado no projeto. Sabe O JOGO que, embora defenda que um treinador está sempre dependente dos resultados que apresente, o presidente do Benfica não encosta Jorge Jesus à parede porque este conquistou o primeiro objetivo da temporada, ao assegurar o apuramento para a fase de grupos da Liga dos Campeões, e todas as outras metas não estão em causa neste momento da época, tendo o Benfica ainda hipóteses de apuramento para os oitavos de final da Champions, numa fase em que está em terceiro na Liga Bwin mas a um ponto do topo, e continua em prova na Taça de Portugal e Taça da Liga.
Treinador sem consenso interno
A nível diretivo, Jorge Jesus não é um treinador que reúna consenso internamente. Não acontecia na primeira passagem pelo Benfica, de 2009 a 2015, manteve-se quando Luís Filipe Vieira o foi buscar ao Flamengo antes de vencer as eleições presidenciais de outubro de 2020 e é uma realidade atualmente.
Há dirigentes que, segundo apurámos, continuam a considerar que o técnico de 67 anos não tem o perfil adequado para que o clube se volte novamente para a formação e recupere estatuto europeu. Contudo, nesta fase, Rui Costa tem carta branca na gestão do futebol.