ENTREVISTA, PARTE I - Acusando Miguel Pinto Lisboa de ser um presidente sem sentido de responsabilidade e com dificuldades de comunicação, António Miguel Cardoso acredita que será capaz de alterar o rumo do Vitória.
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De volta à carga em contexto de eleições, António Miguel Cardoso, o líder da Lista A, aposta num triunfo categórico. O empresário de 45 anos, licenciado em marketing e gestão, garante que não dará carta branca absoluta ao futuro homem forte do futebol profissional e colocará um ponto final no "abandono" a que diz estar votada a equipa comandada por Pepa.
O que o leva a pensar que poderá vencer estas eleições?
-A atual Direção está a gerir o Vitória de uma forma muito negativa. Quem me dera não ter a necessidade de me candidatar outra vez. O objetivo da minha equipa não é ir para lá simplesmente porque sim. Vamos porque esta Direção é muito errática e temos de alterar o rumo do clube.
Confirmando-se a sua eleição que medidas imediatas tomará?
-Não perderemos tempo a falar com a equipa principal. Eles precisam de motivação. Sinto a equipa técnica e os jogadores muito abandonados. Vamos passar-lhes confiança de modo a podermos garantir ainda o apuramento para uma prova europeia.
Por que razão saiu praticamente de cena enquanto durou o mandato de Miguel Pinto Lisboa, sendo pouco interventivo?
-Sou uma pessoa democrática e entendi que deveria dar liberdade aos outros para trabalharem. Fui a todas as assembleias do clube e da SAD e só dei entrevistas no fim de cada época, dizendo o que eu achava. Aliás, no fim da primeira época de Pinto Lisboa, até falei a uma rádio local de Carlos Freitas (antigo diretor-geral). E essa entrevista não perdeu atualidade, nessa altura eu já previa o que acabou por acontecer.
Carlos Freitas foi um trunfo determinante para Miguel Pinto Lisboa nas anteriores eleições?
-O problema do Vitória foi o presidente ter dado carta branca a Carlos Freitas e depois nunca se responsabilizar por nada. Não tem capacidade de comunicação, seja onde for. Comunica através de comunicados. No caso do Marega, por exemplo, fomos massacrados pela comunicação social e, quando saiu a sentença desse caso, ilibando o Vitória, ele devia ter-se pronunciado. Só que não consegue fazer nada. Já o Carlos Freitas veio para gerir o clube e contratar jogadores a partir de Lisboa, sem nunca ter entrado no balneário da equipa, e tudo correu mal. Não acompanhava os treinos, fazia o que queria e, de repente, arranjou-se uma doença para sair um bocadinho na diagonal, sem ninguém falar sobre o caso.
Que autonomia terá Diogo Boa Alma (ex-Santa Clara) como diretor-desportivo?
-Não podemos ter um diretor-desportivo com carta branca para tomar todas as decisões, nem um presidente que depois não se responsabiliza por nada quando as coisas correm mal. Não se pode trocar consecutivamente de diretores para que a Direção nunca seja responsabilizada. Não nos revemos nessa situação. Diogo Boa Alma vai ajudar-nos a assegurar jogadores em fim de contrato e a estabelecer parcerias. Vai detetar talentos e estar sempre ao lado da equipa técnica e dos jogadores, criando consensos e transmitindo equilíbrio. Tudo isso para que o espírito da equipa seja muito forte nos dias dos jogos.
Parabólica para ver o Vitória deu-lhe "problemas em Miami"
Enquanto estudou em Miami, nos Estados Unidos, António Miguel Cardoso não perdia uma única partida do Vitória que fosse transmitida pela RTP. Investiu por isso na compra de uma antena parabólica de grandes dimensões, mas o aparelho não era permitido pelo condomínio do prédio onde residia e, admite, chegou "a ter problemas". "Metia aquilo junto da janela e desligava os telefones. Durante as duas horas do jogo, era a polícia, o porteiro e o pessoal do condomínio a chatearem-me, mas ninguém conseguia impedir-me. Não podia viver sem ver o Vitória", recorda.