UM LIVRO POR DIA >> O livro não trata de crimes, no sentido de que não precisamos de um código criminal, nem de sentenças transitadas em julgado, para intuirmos tudo o que há de negativo nas condutas descritas em cada capítulo.
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Quer discutir Rui Pinto, a Doyen, Jorge Mendes, o mundo dos agentes de jogadores ou a influência do dinheiro em cada pontapé na bola? O livro "Football Leaks" pode ser muito instrutivo para quem não o queira ler à procura de um culpado em concreto.
Publicado em 2018 e escrito pelos dois repórteres alemães da revista "Der Spiegel" a quem Rui Pinto entregou 18,5 milhões de documentos em 2016, este livro não surpreenderá os jornalistas mais bem informados sobre as catacumbas do jogo, mas será muito esclarecedor para o cidadão que as vê de longe. O "Football Leaks" é um blogue criado por piratas informáticos que a meio da década começou a despejar para o domínio público documentos confidenciais de clubes, empresas, agentes, treinadores e jogadores, inicialmente só no contexto português. Com esses dados, foram abertos inúmeros processos, sobretudo fiscais, contra figuras tão notórias como Ronaldo e Mourinho, mas também contra emblemas tão importantes como Manchester City ou Paris SG.
O livro não trata de crimes, no sentido de que não precisamos de um código criminal, nem de sentenças transitadas em julgado, para intuirmos tudo o que há de negativo nas condutas descritas em cada capítulo. Todos precisávamos de saber quem é o cazaque Arif Arif, quanto rendeu um penálti de Cristiano em 2016, ou de nos deixarmos guiar nos subterrâneos do sóbrio futebol alemão pela mão irónica do canalizador Roger Wittmann, tratando-se de "leaks" (fuga de água ou gás, em inglês). Nem todos os juízos feitos por Buschmann e Wulzinger estarão 100% dentro da razão, mas os factos falam por si. E falam mais do que o suficiente.