UM LIVRO POR DIA - É um livro à medida do romantismo de Valdano, elevado aos mais altos patamares por autores como Mario Benedetti, Javier Marías, Osvaldo Soriano, Roberto Fontanarrosa...
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Comprei este livro num "El Corte Inglés" de Madrid há 25 anos, na véspera de entrevistar o responsável pela seleção dos contos, Jorge Valdano, então treinador do Real e na altura recém-descoberto prodígio das letras, por ter surpreendido a elite dos livros com um método poético/económico de concentrar verdades inéditas em poucas (e belas) palavras em crónicas do "El País", penso eu.
Os 24 contos foram selecionados por ele, segundo a editora, e neste caso é de acreditar que não tenha sido um mero aproveitamento de imagem, porque não se colhe como Valdano sem semear muitas e muitas leituras de fino recorte. Um dos textos é dele, com o título "Creo, vieja, que tu hijo la cagó", sobre um guarda-redes de província, na Argentina, que ocupava as horas mortas criando cenários de desespero para se imaginar a salvar o dia no instante mais dramático que lhe coubesse na imaginação.
É um livro à medida do romantismo de Valdano, elevado aos mais altos patamares por autores como Mario Benedetti, Javier Marías, Osvaldo Soriano, Roberto Fontanarrosa (um cartunista argentino convertido aos contos da bola) ou o homem que inventou a nossa forma de ver o futebol sul-americano, Eduardo Galeano. A minha edição é a espanhola e assenta-lhe bem, porque os escritores são todos hispânicos e sempre se salta por cima da tradução, mas existe uma versão em português, da Relógio d"Água, para quem for capaz de ir à luta das livrarias ou não se entender com o castelhano.