UM LIVRO POR DIA >> De Preguinho a Félix, de Marcos Mendonça a Rivellino, de Didi a Edinho, de Telê Santana à máquina tricolor que obliterava a oposição em meados dos anos 1970, passando, claro pela rivalidade fraterna com o Flamengo.
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Jornalista, escritor, dramaturgo, Nelson Rodrigues foi mais duas coisas também elas importantes: revolucionário da crónica e apaixonado indomável pelo Fluminense, um dos seus amores maiores. Neste "O profeta tricolor", publicado a título póstumo no centenário do clube carioca em 2002, juntam-se dezenas de crónicas do escritor, selecionadas pelo seu filho Nelsinho, e é uma obra imperdível. "Meu sentimento clubístico é anterior ao sexo, anterior à memória", defendia.
Nelson Rodrigues conseguiu o que poucos conseguem: escrever esplendorosamente sobre futebol sem dele perceber. Quase míope e guiado sobre tudo pela paixão flamejante, o cronista de eleição foi o contraponto do irmão. Mário Filho dá o nome oficial ao Maracanã, foi também ele um jornalista desportivo de primeira água, mas era adepto do rival Flamengo e um estudioso do jogo. Neste livro, Nelson conta a história do tradicional e aristocrático clube das Laranjeiras.
De Preguinho a Félix, de Marcos Mendonça a Rivellino, de Didi a Edinho, de Telê Santana à máquina tricolor que obliterava a oposição em meados dos anos 1970, passando, claro pela rivalidade fraterna com o Flamengo. Este livro contém uma pérola: a última crónica de Nelson Rodrigues, escrita 19 dias antes de morrer, em 1980. Foi redigida pouco depois de saber pelo filho Nelsinho que o Flu se sagrara campeão carioca - Nelson estava proibido e de ver jogos e os ouvir na rádio, por ser cardíaco. "Craques tricolores", foram as duas últimas palavras que escreveu. Nelson era um deles.